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Citação de Bakhtin::

A VIDA COMEÇA QUANDO UMA FALA ENCONTRA A OUTRA

 

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quarta-feira, 26 de março de 2008

A Teoria Geral das Forças Produtivas 15 – A Rede Dialética


_O KREMLIN, PALÁCIO-SEDE DA URSS_

Na verdade, o Kremlin tem história quase milenar, e vem sendo construído por etapas e reconstruído em parte, desde 1156, quando Moscou ainda estava em seus primeiros anos e nesse local foi construída uma fortificação. Depois, tornou-se a moradia dos czares, e continua a ser a sede do governo russo, mas, durante a Guerra Fria, transmitia uma imagem impressionante de "fortaleza" soviética.


A Rede Dialética foi estudada no período de 1990 a 1992, pouco depois da queda do Muro de Berlin e do fim da URSS, quando se dizia que o comunismo tinha acabado e o capitalismo tinha saído vencedor. A doutrina neoliberal despontou fortemente, associada aos governos Reagan e Thatcher, os EUA assumiam a liderança isolada do mundo, como superpotência remanescente da Guerra Fria, e teve início, nesses mesmos anos, o projeto do mundo unilateral, com o ciclo das Guerras do Golfo Pérsico e o aumento das tensões com o mundo islâmico. Também começou a se dizer que a História tinha acabado, pois não haveria mais processos culturais, sistêmicos ou de regimes políticos e produtivos que não fossem exclusivamente o aprofundamento do regime capitalista.


Se examinarmos isso hoje, na distância de mais alguns poucos anos, na História, viva como sempre, será mais fácil perceber a argumentação de fundo ideológico, isto é, uma espécie de continuação da rivalidade capitalismo-socialismo, mesmo após o duro golpe do fim do “socialismo real”. Os próprios interlocutores dos grupos situados à frente do capitalismo cuidaram de manter viva a idéia dos projetos socialistas, ao tentarem forçar a avaliação de que o socialismo tinha acabado. Ninguém iria tentar combater um regime que não existe mais, é lógica das mais simples, então, se ainda combatem, é porque o “inimigo” está lá. E, logo depois, no cenário internacional, isto se confirmou, com a ascensão dos regimes trabalhistas no mundo todo, até chegar ao ponto atual, em que vários regimes, por assim dizer, híbridos, estão à frente de países importantes.


Aquela argumentação inicial foi, portanto, uma formulação adequada à implantação do neoliberalismo, uma mobilização político-ideológica, mais do que uma discussão técnica sobre o sistema produtivo e os regimes de produção. Faz-se uma diferença entre estes dois termos. O sistema é mais abrangente, como noção geral, enquanto o regime implica as questões doutrinárias, como se fosse ao mesmo tempo uma especialização e também uma redução do sistema produtivo. Mas poderia ser igualmente um desmembramento deste.


Na rede dialética, o que se verificou de modo sistemático é que não há, efetivamente, país algum, economia alguma, que não incorpore tanto valores, princípios, estruturas, regras, práticas e formas do “capitalismo”, quanto do “socialismo”, e também de outros regimes, como nas economias naturais indígenas, nas economias familiares de subsistência, em formas semi-anárquicas, ou hoje em dia, nas diversas atividades da economia informal. Em outras palavras, capitalismo e socialismo são na verdade tendências e fases do sistema produtivo. Não há como erradicá-los da produção. Eles existem juntos, mesmo que o regime preponderante seja o outro. Mais do que isso, são interdependentes e se reforçam um ao outro. Esta era, aliás, a chave da polarização EUA-URSS, quando a rivalidade favorecia o desenvolvimento maior nesses dois países. Isto deveria, da mesma forma, então, projetar o mundo islâmico como superpotência, mas o caso é que essas eram sociedades de estrutura quase tribal, já apropriadas pelos interesses do antigo império inglês, e também pela exploração do petróleo. Não têm a mesma orientação produtiva sustentada pelas disputas da Guerra Fria.


A rede dialética, ou dialética complexa, se sistematiza sobre a idéia de que as duas concepções centrais da dialética, o materialismo em Marx e Engels, e o idealismo em Hegel, também estão em confronto dialético. Não são excludentes, mas sim complementares. A idéia e o conceito, e a ação concreta, é que compõem a realidade objetiva, não podem ser dissociados. Hoje isto é sabido, pelo aprofundamento das noções da semiótica. São os signos que fazem essa interação entre o simbólico e o material. E foi um desmembramento da Lingüística que desenvolveu a noção semiótico-ideológica da mente humana, quer dizer, não se pode produzir significação sem produzir simultaneamente escalas de valores. Mas, se percorrermos todo o processo da rede dialética, chegaremos exatamente nessa questão da complexidade produtiva, em que valores opostos se combinam para sintetizar a realidade. Dando nomes às ocorrências centrais dessa rede, capitalismo e socialismo.


Dizer que o capitalismo não se tornou em parte “socialista”, e que o socialismo real não desmoronou por não ter se tornado suficientemente “capitalista” seria um erro lógico, portanto, um erro científico. Se dissermos que o capitalismo evoluiu e progrediu, enquanto o socialismo degradou e se arruinou, o que estamos dizendo, basicamente? Primeiro, que o socialismo real soviético não conseguiu incorporar estruturas suficientes do seu contrário (é o que a China fez). Segundo, que o capitalismo evoluiu sim, mas em que direção? Na direção de seu contrário, enquanto desenvolvia a si mesmo. Foi isso que permitiu novas sínteses.


As teorias de Karl Marx serão discutidas, mas sob o ponto de vista técnico, reservando para a crítica a parte doutrinária e política. Pode-se, no entanto, adiantar parte dessa análise. O capitalismo que Marx estudou foi o de formação de grandes metrópoles. Populações inteiras à míngua, crianças e velhos trabalhando sem piedade, 12 horas ou mais por dia, sem fins de semana, sem férias, sem assistência médica, sem contratos de trabalho, recebendo remuneração miserável, aglomerando-se em bairros que mais pareciam acampamentos, com altíssimos índices de mortalidade, problemas graves de saúde disseminados, sujeitos à poluição, à sujeira, um cenário que mais parecia o fim do mundo, talvez pior do que o ambiente das favelas atuais. O que se queria que Marx escrevesse? E o que se poderia esperar que apreciasse sobre o caráter do Capital? As críticas que ele fez, entretanto, foram tão contundentes, do ponto de vista estritamente técnico, que o próprio capitalismo absorveu os valores teóricos sistematizados pelos marxismo. Poucas forças se tornaram tão “marxistas”, sempre lembrando, do ponto de vista sistemático e técnico, quanto o próprio capitalismo. Marx foi um dos grandes teóricos do capitalismo, esta é a parte realmente científica. A questão doutrinária é um outro capítulo. Da mesma forma, o texto de Engels sobre a formação do homem pelo trabalho é extremamente precisa, e somente hoje, mais de cem anos após sua publicação, é possível fundamentar com teorias científicas tudo o que ele disse, com ligeiras correções e algum aprofundamento, que em nada desmerecem suas teses.


O capitalismo progride e se desenvolve tecendo relações cada vez mais solidárias com as forças do trabalho, ninguém poderia duvidar disso. Isto é na verdade ainda mais acentuado, pois o regime capitalista (o capital) aplicado ao sistema produtivo está se esforçando muito, nas últimas 2 ou 3 décadas, para renovar suas alianças com o trabalho (força produtiva). As profundas alterações que vêm ocorrendo nos contratos de trabalho, desde a época de Marx, tiveram profundo impacto de suas análises, em parte, e também se devem às disputas que se estabeleceram entre os regimes de produção. Mas o essencial é perceber que o sistema produtivo é mais amplo que os regimes de produção, e que dentro do sistema produtivo operam sistemas sempre híbridos, sempre integrados, combinando forças antagônicas, e mesmo regimes de produção tão díspares quanto o socialismo e o capitalismo. Isto em essência. Obviamente se deveria estender essa discussão para cada aspectos produtivo, como os regimes de propriedade, os papéis dos agentes produtivos, os modos de divisão do trabalho, de circulação das riquezas, etc. Concluindo, nem o capitalismo, nem o socialismo irão morrer, nunca, pois são faces da mesma moeda, e coexistem no mesmo sistema produtivo. O problema começa quando têm a pretensão de ser únicos e de reinar sozinhos. Aí começam as distorções.


Teoria Geral das Forças Produtivas 15

terça-feira, 25 de março de 2008

50 anos

FOTO DE MEUS QUERIDOS PAIS, NOS "ANOS DOURADOS"


50 anos


Algo que ainda me fascina e assusta ao mesmo tempo é o apego de tantas pessoas a certos projetos de vida, de trabalho, determinadas posturas pessoais que fizeram sentido décadas atrás, nos séculos passados, há milênios, mas que agora se tornaram anacrônicas e absurdas. Talvez certa dose de paixão cega mantenha esses comportamentos, como se o tempo não tivesse passado, como se a história não avançasse. O fato é que hoje vivemos de modo muito diferente de outros tempos, e o que era apropriado e conveniente para essas épocas, ultrapassado foi, arcaico se tornou, inadequado e contraproducente, absolutamente irracional, apenas aparentemente humano, pois ser humano é evoluir e aperfeiçoar-se.

Ninguém está fora desse contexto, nem o que toma estas palavras neste texto, pois um esforço contínuo é exigido pela vida. Quem pára de se esforçar para superar os instintos, a irracionalidade que se acumula nas mentes, não se imobiliza, mas retrocede e se degrada, migrando para os limites da existência, para as áreas turvas e os terrenos pantanosos.

Nos 50 anos que completo hoje, 25 de março de 2008, às 14:40 h (se não me engano, Áries e Leão, Deus nos acuda...), a idéia que se torna mais clara em meu pensamento é a de que viemos a este mundo não para sofrer, nem para batalhas sem fim, nem para sermos ricos e poderosos, ou pobres e desprotegidos, ou para conquistar, vencer ou perder, nada disso. Isto faz parte da vida. Viemos ao mundo para encontrar respostas, para perguntas enraizadas em nossa alma como se fossem a nossa própria chama, o único sentido pelo qual nascemos. Primeiro produziram-se essas interrogações no universo, depois, criaram-se as pessoas para procurar respostas para elas. Viemos ao mundo para deixarmos de ser ignorantes, mesmo que seja em alguns pouquíssimos e minúsculos pontos. E isto justifica toda a nossa existência, tudo o que passamos pelo caminho, todos que conhecemos e que amamos, e é só isso que conta, em essência.

A facilidade com que alguém destrata, humilha, agride, prejudica, odeia..., é uma coisa que não compreendo. Nunca compreendi, desde pequeno, embora também cometa os mesmos erros. Então, alguns acham que a resposta para eles é essa? E não percebem que estão completamente errados, e que estarão cada vez mais distante de si mesmos, mais perdidos, mesmo que os fatos da vida repetidamente se apresentem diante deles, evidencie o descaminho, apresente os melhores argumentos, os riscos, as alternativas, a diferença infinita entre agir corretamente e errar, mesmo assim, como uma doença, como se a própria vida fosse insuportável, como se maldissessem a própria imagem, insistem em renegar, em resistir, em aprofundar os ferimentos, no corpo e na alma, de si e de seus semelhantes. Quanta paixão, quanta confusão, quanta dificuldade! A vida é mesmo difícil, e precisamos de ajuda, precisamos uns dos outros, precisamos acertar.

Este tempo atual tem como característica as amplas perspectivas do passado e do presente. Se quisermos, podemos ver quase tudo, mas a quantas anda a nossa compreensão? Sabemos que estamos aqui para aprender, cada um a sua lição, cada um a sua necessária gotinha eventual de cicuta? Estamos caminhando ou apenas vagando errantes, sem qualquer noção?

Não quero dizer que tenho as respostas, mas, após 50 anos, aprendi a perceber as interrogações. Aprendi que somos feitos de perguntas, e que somos construídos por elas. E que algumas dessas perguntas realmente contam muito, enquanto a outras nem vale a pena tentar responder.


Pequenas Crônicas

quarta-feira, 19 de março de 2008

Projeto Cidades do Futuro 20 – Um futuro para São Paulo 5: A experiência do futuro na metrópole

SÃO PAULO PRECISA ENCONTRAR SEUS PRÓPRIOS CAMINHOS EM DIREÇÃO AO FUTURO OU À VERTICALIZAÇÃO. OS PROCESSOS URBANOS DE MANHATTAN ( NOVA YORK), LONDRES, PARIS OU HONG KONG SÃO ESPECÍFICOS, E ASSIM DEVEM SER OS PLANOS PAULISTANOS.

FOTOS DO EMPIRE STATE BUILDING E DO WORLD TRADE CENTER

Aqui estão algumas propostas mais delineadas para as reformas urbanas de São Paulo, a serem estudadas pelos eventuais grupos de investidores, estudiosos e autoridades paulistanas, temas a serem abertos também para o público geral, através da Internet.


Ao projeto de um novo aeroporto ou de implantação de novas formas de transporte (trens rápidos ou “bondinhos”), ou de expansão do transporte coletivo, precisam se agregar novos planos estratégicos para São Paulo.

Como foi discutido no início deste projeto, os níveis avançados de cultura neste novo estágio da sociedade tecnológica não virão espontaneamente, eles precisam ser construídos de modo específico. Será uma ruptura com a sociedade industrial e com a fase de transição (ver os primeiros artigos). E a clareza desse fato pode ser observada em um projeto urbano que possa começar “do zero”. Todas as bases da sociedade mudam radicalmente, as materiais e as simbólicas, todas as relações, sistemas e processos, e isto tanto é reflexo quanto reflete, obrigatoriamente, essas novas paisagens urbanas e suas redes, isto é, o futuro só irá chegar nos espaços reurbanizados ou projetados – e administrados - segundo as concepções dos sistemas produtivos avançados.

A experiência real do futuro vem tanto do desenvolvimento dos projetos, de seus estudos, da aplicação deles à reurbanização da cidade, segundo os princípios interdisciplinares do conhecimento, quanto da construção de pelo menos uma área-piloto, genuinamente “futurista”, isto é, o projeto de uma microrregião inteiramente concebido e construído segundo os projetos interdisciplinares avançados. Não é a mesma coisa que um “condomínio” ou “shopping center”, mas como se fosse uma combinação desses conceitos com os de uma unidade urbana, como o “Centro Velho” revitalizado ou a Avenida Paulista, e ainda, em dimensões bem menores e mais simples, como a reforma da Oscar Freire. Ao mesmo tempo, não é nada disso, é algo novo, um centro comercial agregado às rotas das obras citadas no início do artigo, e em mais um ou dois extremos da cidade, para centralizar postos de trabalho administrativo e comerciais, a ser interditado para residências ou indústrias que impliquem em instalações “pesadas”, exemplo, poderia ser instalada uma indústria leve de montagem de computadores, uma alfaiataria, mas não de carros, nem uma tecelagem, nem uma metalúrgica, estas ocupariam outras áreas também restritas. Evita-se dizer “registro de comércio” pode e “registro de indústria” não pode, pois isto seria um terrível arcaísmo burocratizante. É preciso usar a inteligência administrativa e a flexibilidade criteriosa.

O ideal é que esses dois ou três novíssimos centros, situados em áreas novas de São Paulo, pudessem, ao longo de poucos anos, mudar a geografia do trabalho na metrópole, absorvendo parte considerável dos postos de trabalho e desafogando as rotas tradicionais da cidade. Obviamente a este projeto deve ser incorporada a expansão dos anéis viários de toda a região metropolitana. E toda a infraestrutura teria de seguir rigorosamente os novos padrões ambientais e urbanos propostos. Dentro dessas características, é possível esboçar alguns detalhes desses centros administrativos-comerciais, e que trariam para dentro de São Paulo a efetiva experiência do futuro da civilização:

1 – Eles poderiam abrigar, em tese, alguns conjuntos de “supertorres”, com mais de 100 andares, desde que o planejamento “horizontal” diluísse todos os impactos dessa concentração vertical, e junto delas também se abrissem parques, passeios amplos e conjuntos mais horizontais, com poucos pavimentos, e o planejamento estudasse cotas de equilíbrio no perfil das construções.

2 – Todo o subterrâneo da área precisa ser planejado com antecedência, segundo os cálculos de funções e dimensionamentos previstos em vários tipos de construções.

3 – A área reservada para esses redirecionamentos urbanos deve comportar a transferência de atividades profissionais de um contingente populacional total mínimo de 250 mil pessoas, aproximadamente, ou não produzirá grande impacto na dinâmica urbana. Isto mais a reurbanização do centro e dos bairros populares, e um novo zoneamento industrial, poderá causar o impacto inicial desejado de alterar a circulação de 2 milhões de pessoas, num prazo inicial que poderia variar de 15 a 25 anos.


4 – Para essas novas áreas muito bem delimitadas devem convergir, a partir de certa distância, vias também especificamente projetadas, em novas condições de circulação. Aqui se seguem apenas algumas ilustrações de como isso poderia ser feito. o acesso precisa ser muito bem definido, organizado e dimensionado. A esse centro deveriam chegar alguns tipos de movimentação urbana:


a) Pelo menos duas vias expressas (é preciso ter sempre uma via disponível, ligada ao sistema de anéis viários). Nesta via circulam veículos em geral, com 3 vias distintas, a do meio em pista simples reservada a bicicletas e mini-veículos “alternativos” (carros solares, elétricos, etc.), nas dimensões das “romisetas”. Isto é parte da novidade;

b) O sistema de metrô e trens, em estações bem mais distantes que os “bondinhos” do item d;

c) Vias específicas para operações de carga e descarga, outra diferença;

d) As vias locais, vindo desde a área tradicional até o ponto central do projeto. Nestas vias é que poderiam criar as maiores alternativas de cultura avançada. Esta é a “novidade”, dentro do sistema que em si já é novo. As linhas de ônibus não expressas fazem suas paradas por aqui, e nestas ruas a velocidade está limitada a 40 km/h (todos os veículos, se possível com limitadores eletrônicos da própria rua, monitorados pela autoridade de trânsito) nunca mais do que isso. Sem pressa, nem direção agressiva. As motos devem se comportar como os carros, e só podem “costurar” no trânsito parado (sinais), em baixíssima velocidade. No canteiro central, um sistema de bondinhos também de baixa velocidade, seguindo os mesmos movimentos do trânsito regular. Calçadões nas margens externas e internas dessas ruas, que seriam mais propriamente chamadas de “avenidas”. Nas margens externas, dos dois lados, em uma faixa dos calçadões, passarela coberta, por vidros e concreto, talvez protegida parcialmente nas laterais, por canteiros suspensos – proteção parcial de chuvas laterais e ventos – dando passagem de cada lado a um fluxo de 4 pessoas de largura. Isto não prescinde de avanços obrigatórios em todos os prédios, retráteis, para se abrirem nas chuvas, mecanicamente. Essas avenidas fariam a continuidade entre a cidade antiga e a cidade nova, ou, se muito distantes da cidade, seriam as avenidas dos novos centros;


e) Todo o fluxo de pessoas e veículos está integrado em sistemas complementares e alternativos, que podem ser acionados em situações especiais ou de emergência, além de se proceder ao cálculo dos espaços destinados ao estacionamento e aos acessos em geral de todos os tipos de veículo (cadeiras de rodas e afins, por exemplo). Em paralelas se podem abrir trânsitos preferenciais, fora das vias expressas, para bicicletas (ex. bicicletas para pequenos serviços) , mini-carros, caminhões, apenas pedestres, etc. Se bicicletas em baixíssima velocidade (10 a 15 km/h) forem permitidas nas avenidas, então se deve reservar uma faixa também para elas, de preferência no calçadão interno, mais próximo das linhas de bondinhos, seguindo todo um sistema de sinalizações apropriadas, já que todos os veículos devem dar preferência aos pedestres;


f) Tais medidas podem aparentemente ir contra a rapidez característica da metrópole, mas não vão. Na verdade, isto foi pensado para acelerar todas as linhas de movimentação da cidade, reforçando ao mesmo tempo sua natureza urbana organizada e civilizada. O correto dimensionamento e a administração correta, a altíssima tecnologia, as culturas avançadas, o mercado globalizado, as redes integradas, aí estão as “vias rápidas”, as incríveis velocidades do mundo futuro, prestigiadas e preservadas;


g) Futuras torres de grande verticalidade precisam incorporar projetos muito especiais, denotando também seu caráter de integração com a cidade e seus aspectos turísticos. Este “projetista” teve a oportunidade de conhecer o Empire State Building e as torres gêmeas, o World Trade Center, destruído no atentado terrorista, ambos em Nova York. A diferença de significado entre eles era muito grande, justamente por esses laços com a história e a vida da cidade, e isto se traduzia em alguns espaços mais acessíveis aos turistas e cidadãos comuns, no Empire State Building. Se construídas torres paulistanas, elas deveriam incorporar um universo renovado e integrado, e várias estruturas de acesso ao público, talvez uma “praça suspensa”, praças de alimentação, estações turísticas, etc.


Projeto Cidades do Futuro 20

terça-feira, 18 de março de 2008

A Teoria Geral das Forças Produtivas 14 – Sistemas complexos de economia globalizada

As formas populares de mercado passaram a ser nichos de grande valor institucional, a serem explorados com sistemas próprios de qualidade.


Os novos estágios da globalização não compreendem mais um mercado único, a não ser como abstração, como noção geral. No mundo objetivo existem vários mercados, mas não como normalmente alguém se refere a eles, como se fossem o plural dessa mesma noção básica do sistema social de trocas. Há vários gêneros de mercado, várias naturezas de mercado, e aqui também não se faz outra ramificação comum, a de um mercado formal e outro “informal”, a de um mercado regular e outro “negro”, ou a de um “mercado” e outro “paralelo”. Está se afirmando que o mercado passou a ser um sistema muito complexo, e prova disso é o retorno das ações de Estado na área social, com amplo sucesso para a economia dos países que adotam essas medidas, no caso, o Brasil, mas há outros, como a Índia e a própria China. Como explicar isso pela teoria ortodoxa? Mas não a chamemos de ortodoxa, vamos chamar de clássica, neste caso, que é um termo mais adequado. De modo algum o estágio em que se encontram os vários mercados no mundo contrariam Adam Smith, em seu princípio básico. Nas formas, sim, mas na idéia central da divisão de trabalho e sua força motriz, não.


O que se verifica é que novos níveis de mercado se sobrepuseram, uns aos outros, e a economia natural entre eles os dispôs dessa maneira. Em outras palavras, não há remédio “para trás”, mas apenas “para frente”. Esses mercados “básicos” não são “situações de “emergência” a serem “sanadas”. O Bolsa Família pode ser visto como programa específico de ação social do governo Lula, oriundo do PT e do movimento popular de democratização brasileira, este é um modo ideológico de significação, ou pode ser visto como organização necessária das novas condições econômicas na globalização, aí se torna questão técnica. Não são incompatíveis as duas formas de se observar o fenômeno positivo em que se transformou a “alavancagem por baixo” da economia brasileira, nos últimos anos, desde que se veja que a questão técnica abre a possibilidade e a necessidade dessa organização ser feita em qualquer governo, daqui em diante. Mas o que teria acontecido, então, com a “realidade clássica” do mercado?


O que ocorreu é que as distinções sociais se institucionalizaram também de uma outra forma, além da visão das “classes sociais”. Com a globalização, formalizaram-se níveis de trocas que antes seriam vistas como “não econômicas”, ou como “antieconômicas”, e estas se integraram ao sistema produtivo de maneira fundamental, ou seja, os níveis mais avançados de mercado estão apoiados nas formas básicas do mercado. O que era antes considerado apenas “economia popular”, “economia informal” e “economia de subsistência”, hoje dá sustentação aos níveis mais competitivos do mercado internacional. Estabeleceu-se entre os vários níveis de mercado, certamente não há apenas dois, relações de reciprocidade sistêmica, e não mais de mera “convivência” ou “concorrência”. A circulação de riquezas incorporou todos os níveis, lugares e culturas da produção no mundo, este é o fato. Então, populações paupérrimas e semi-rurais do Vietnã garantem o sucesso da assembléia de acionistas da Nike, tribos indígenas da Amazônica consomem regularmente alguns produtos bastante sofisticados da economia globalizada, o consumo de eletrodomésticos nos bairros pobres do Brasil atuaram decisivamente na retomada do crescimento econômico em todos os níveis, inclusive os tecnológicos de ponta. Com isso, verificou-se que a proteção dos níveis mínimos de gravitação sócio-econômica fazem com que os níveis de colaboração e aceitação em todo o sistema produtivo aumentem muito, diminuindo os distúrbios, tensões e a própria desigualdade gerada pelo sistema competitivo. A ação social como “pára-choques” dos “efeitos perversos” do progresso econômico não é novidade. A novidade é que esses dispositivos possam funcionar como fomento econômico e não mais como assistencialismo. É claro que isto depende da concepção e dos modos de implantação e administração desses programas. Mas não é só isso. É fundamental perceber que existe hoje uma “diversidade” de mercados “válidos”, e que todos eles podem ser explorados produtivamente, dentro de seus parâmetros, sem que um possa neutralizar ou eliminar o outro. São novas formas de equilíbrio econômico e de fatores dinâmicos a serem reconhecidos.


Não se pode mais ver o mercado “popular” com ingenuidade, ou classificá-lo como “secundário”, pois muitos dos produtos destinados a essa faixa de consumo têm tecnologia avançada. Também não se pode colocá-lo ao mesmo nível dos produtos mais caros e sofisticados, contudo, é preciso buscar a qualidade nos limites econômicos dessas faixas de troca. Por exemplo, nas casas populares. A concepção dos bairros populares e das construções em bloco de habitações populares está completamente ultrapassada, nas culturas avançadas. É possível personalizar cada uma das construções, segundo sistemas de controle de construções muito mais sofisticados, e isto produz um grande impacto positivo sobre a sociedade: a urbanização dos bairros populares. Os níveis de escolaridade vão às alturas, os níveis de criminalidade despencam, o grau de cooperação com as estratégicas econômicas coletivas são potencializadas, o nível de satisfação das gestões públicas e a qualidade do retorno que essas populações passam a dar tomam um impulso incrível, simplesmente porque as condições urbanas dos bairros populares melhoraram muito, com poucas medidas, alterando-se completamente o ambiente interno dessas comunidades. Um pequeno conjunto de melhorias, começando pelo plano das residências, através de avanços gerenciais, produziriam resultados impossíveis para os projetos tradicionais. Princípios análogos devem ser usados nos conjuntos habitacionais (prédios) e em todos os sistemas agregados a essas regiões. Pequenas melhorias de concepção e de gestão de qualidade teriam impactos sociais enormes e positivos. E isto pode ser feito, desde que se perceba que as soluções “populares” não são alternativas de precariedade ou de pobreza, mas sim de simplicidade e de modéstia, contudo, constituem verdadeiros dínamos da produção de riquezas, se não forem desativados ou desarticulados. A tendência é que esses investimentos, 20 ou 30 anos mais tarde, sejam irreconhecíveis, pela prosperidade, quer dizer, o projeto urbano bem elaborado serviu de plataforma social. Já existem casos semelhantes deste ocorrido, porém limitados pelo projeto original do “tudo igual” e pela visão insuficiente do que seja “popular”.


Basicamente, o popular não pode ser de modo algum sinônimo de “baixa qualidade”, pois este será o refluxo social; tem de ser no mínimo o de “menores custos”, mas, em projetos suscetíveis de expansão sistêmica e em ambientes de prosperidade. A orientação produtiva inverteu de sentido: é preciso investir nos setores menos “sofisticados”, pois estes passaram a ser os mananciais sistêmicos dos níveis mais avançados e competitivos do mercado global.


Teoria Geral das Forças Produtivas 14

domingo, 16 de março de 2008

Projeto Cidades do Futuro 19 - Gestão da metrópole e coordenação de movimentos intraurbanos

COMO GERENCIAR GRANDES MUDANÇAS EM GRANDES CIDADES, JÁ SATURADAS?

Por que foi tão importante costurar ponto a ponto a possibilidade de gerenciar movimentos demográficos calculados na área metropolitana? Porque, se essa movimentação de contingentes populacionais se tornar factível no desenvolvimento do projeto urbano, diluí-se, ou desconstrói-se, ou fica demolida a imagem da grande metrópole como monstro indomável e incontrolável, e este passa a ser um passado mitológico na história das cidades. A cidade se torna novamente suscetível de ser moldada em níveis estruturais, não importa quão complexa ela tenha se tornado, e quão grande seja o impacto dessa reforma. Haverá um sistema, seus métodos, seus critérios, para o planejamento de uma complexa rede de movimentos internos, antes engessados pelo próprio gigantismo urbano.


Essa costura teve como ponto inicial a compreensão da relação imediata e direta das funções e lugares de trabalho com os desenhos da cidade. As relações de trabalho em profunda transformação abrem perspectivas inusitadas na gestão de uma grande metrópole, abrindo janelas negociais e profissionais mais fluidas, e este novo quadro produtivo se transfere para as formas de materialização dos espaços urbanos. Os ambientes e condições de produção não estão mais tão amarrados, fixos a determinados lugares, e com isso as necessidades de estabelecimento ou de circulação pela via urbana irão se modificando profundamente. Toda a massa urbana se torna mais maleável. Novas dinâmicas administrativas podem ser concebidas, elaboradas e implantadas. Os conceitos de gestão nos vários campos devem sofrem grandes influências dessa grande guinada histórica.


Determinado esse fator básico, o acesso ao trabalho nas culturas avançadas, como novo motivo central das formações urbanas, foi preciso em seguida propor os prováveis elementos de transformação ou de criação dos novos projetos urbanos, e isto foi feito através da atualização dos planos de infraestrutura da cidade, seguindo a lógica sistêmica de água, energia e circulação, já subentendendo os demais contextos produtivos atualizados. Mas, antes de se instruírem os projetos de reurbanização, foi preciso fechar essa costura com uma breve análise de como se poderiam conduzir, em linhas gerais, os negócios de desapropriação de propriedades, em áreas destinadas à demolição. Este era o ponto-chave, pois, ao se lidar com a dimensão das grandes metrópoles, e se deparar com a intensidade das desapropriações que serão necessárias ao longo do tempo, com o número de pessoas envolvido nesses deslocamentos de domicílios, empresas e demais instituições, se não fosse oferecida uma perspectiva razoável de se poderem efetuar essas desapropriações, então as formas de uma cultura avançada permaneceriam trancadas pelos muros visíveis e invisíveis da cidade. Com isto se afirma que, se os novos espaços não puderem ser construídos, não haverá como instituir adequadamente níveis civilizatórios mais avançados. Obviamente haverá áreas e prédios preservados, integrados aos novos planos, mas mesmo assim muita coisa deverá ser reconstruída, para que as metrópoles atuais consigam transitar para o futuro e reconquistar seu próprio tempo. Nesse projeto, passam a ter a perspectiva de se atualizarem, e podem ter à sua disposição vários anos, várias décadas, para fazer com que a nova cidade surja de dentro da velha cidade, sem que isto implica em destruir a memória urbana.


Fechado o ciclo "teórico", havendo em mãos uma metodologia inicial, então será possível elaborar os projetos e propostas de gestão. Essas grandes movimentações intraurbanas não serão lineares. Se determinado projeto, de determinada fase da reurbanização, incluir, por exemplo, 20 áreas selecionadas, a partir disso uma infinidade de reações será desencadeada em toda a cidade. Se determinada área de um bairro deve ser totalmente esvaziado, haverá nas outras 19 áreas condições de recepção desses contingentes, e janelas negociais e profissionais já previstas, ou seja, o que irá orientar esses movimentos será a readaptação às atividades cotidianas mais simples, sempre tomando como base a relação de trabalho, a geografia do trabalho. Mas, pode ocorrer que determinada família ou empresa se mude para outra região não especificada no projeto, pois haverá ofertas adicionais disponíveis. No final, o jogo urbano estabelecido fará com que esse grande número de pessoas, cujas residências ou sedes profissionais sejam desapropriadas, possam se estabelecer sem grandes dificuldades em novas instalações. Aliás, se cumprido o projeto integralmente, é possível que outras movimentações espontâneas e naturais, fruto da liberdade de "ir e vir", façam com que as famílias se mudem naturalmente para novas residências mais próximas de seu trabalho ou de outras atividades básicas da família (proximidade de parentes, escola, etc.).


É possível, a título de ilustração, que em São Paulo se consiga movimentar nesses parâmetros 2 milhões de pessoas, em 25 anos, e com isso normalize toda a vida da cidade, deixando mais tranqüilos os anos vindouros da reurbanização. Grosso modo, se 2 milhões de pessoas deixam de se fixar ou circular por áreas saturadas, e passam a viver em áreas reurbanizadas, só o impacto linear direto já seria o dobro, ou seja, eliminou-se um fator negativo 2 e incrementou-se um fator positivo dois, traduzindo, um impacto de movimentação de 4 milhões de pessoas. Mas, na verdade, esse impacto, por não ser linear, divide-se por toda a cidade, reduzindo sensivelmente as tensões dos atuais quadros urbanos. Para isso, entretanto, será necessário ocupar novas áreas da região metropolitana, tanto para que se inicie o projeto, deslocando para novos centros comerciais distantes do centro um grande número de postos de trabalho, quanto para que se comece a reurbanizar as regiões mais degradadas, e os bairros mais problemáticos da periferia.


Ainda que na realidade objetiva e nas medidas práticas muita coisa precise ser mudada, especialmente ao longo do tempo, com a alteração dos fatores sociais, econômicos e tecnológicos, o fundamental é que se tenha visto que a gestão sistêmica de uma grande metrópole não está além do nível de conhecimento da sociedade. Mesmo que esta metrópole seja São Paulo, é possível equacionar e resolver cada um de seus problemas, abrindo-se o espaço para o surgimento de uma cidade de cultura muito mais adiantada que a atual. E se a abordagem pelo conhecimento é capaz de diluir os problemas descomunais e ossificados da capital paulista, então é possível avançar ou corrigir os projetos urbanos de todas as cidades brasileiras.


Projeto Cidades do Futuro 19



sábado, 15 de março de 2008

Projeto Cidades do Futuro 18 – Um Futuro para São Paulo 4


FOTOS DO ANHANBAÚ, ATUAL, EM 1958 E EM 1915

HÁ COMO APROFUNDAR AS REFORMAS URBANAS E A REVITALIZAÇÃO DE SÃO PAULO?

Mesmo tendo a análise deste projeto indicado que a construção das cidades do futuro é mais adequada a novos territórios, “a partir do zero”, por haver um coeficiente bem menor de resistências e condições mais favoráveis à instalação do novo, isto não quer dizer que estas propostas não sejam indicadas às cidades existentes, sobretudo às áreas urbanas mais problemáticas, como nas metrópoles brasileiras. São Paulo é tomada como plano-piloto, mas seus princípios poderiam ser discutidos em outra grande cidade, nestes termos: novas formas de redução de impactos ambientais, de utilização dos recursos naturais e de construção e estruturação urbana, formando paisagens urbanas a partir das novas relações de trabalho e produção cultural, nas sociedades de alta tecnologia.

Recapitulando as propostas para a reurbanização de São Paulo, estão inclusas, em ordem sistêmica, 3 grandes obras de infraestrutura:


  1. Repensar a cidade começa pela água. ir refazendo todo o sistema hídrico da cidade, ao longo dos anos e das décadas, introduzindo-se o reuso da água e a formação de redes independentes para águas de vários usos, ver o artigo Cidades de Água, como referência básica. A essa obra estão associados uma rede hídrica específica para o saneamento, a filtragem de dejetos, resíduos e rejeitos, um sistema completo de tratamento de lixo, a desobstrução das áreas marginais dos grandes rios paulistanos (sua conversão em parques e áreas de preservação), a despoluição gradativa e completa dos rios, a instituição de uma nova cultura hídrica na cidade e a mudança dos códigos de construção civil, nos pontos de adequação ao plano, alterando-se também outras normas de habitação e convívio, de acordo com as novas estruturas e sistemas. Abrange esta linha de ação também o estudo das condições hidrológicas, incluídas as taxas de cobertura vegetal, os índices de absorção de água-impermeabilização do solo urbano, os cálculos das galerias pluviais, etc.;

  1. instalar sistemas em expansão e alternativos de energia. A essa obra estão associadas novas formas de instalação das redes, e de acesso a elas, além de novas regras de distribuição de energia, pois, em poucas décadas é possível que milhares de domicílios e indústrias sejam superavitárias, na produção energética. Deve-se estudar cuidadosamente o desenvolvimento da economia do hidrogênio, para que se leve em conta o máximo de fatores possíveis dessa produção futura, já na instalação atual dos sistemas energéticos.

  1. Refazer e reintegrar totalmente os sistemas de circulação da cidade, Criar novas artérias urbanas de múltiplas vias, próprias à utilização em paralelo de vários tipos de veículo, ou facilitando as formas de passeio através de travessias cobertas, iluminadas, começando este item pela instalação de novos projetos urbanos em áreas relativamente desocupadas, como formas de descentralização dos postos de trabalho, criando 2 ou 3 grandes áreas de concentração administrativa e comercial nos extremos da cidade, alterando a geografia do trabalho e desafogando os bairros centrais e o centro da cidade. Ao mesmo tempo, redesenhando as áreas centrais e reconstruindo a cidade, a partir desses dois pólos, o novo periférico e central. A esse novo sistema viário estão associadas formas de ampliação do transporte de massa e o desenvolvimento de novos veículos, de novas formas de circulação, sem esquecer que as necessidades serão alteradas pelo redimensionamento das rotas de trabalho, estudo, lazer e outras atividades. A esta obra também se associa a ampliação do sistema de anéis viários e o distanciamento maior ou desvio das áreas de entreposto, trânsito, carga e outros serviços, em relação ao perímetro metropolitano. Integram-se a esses sistemas ainda o sistema de “infovias”, os cabos e estações dos sistemas de informação.

À primeira vista este projeto pode parecer custoso, mas à medida que examinam as possibilidades de sua realização, percebe-se que, além de reunir medidas necessárias de gestão urbana no futuro imediato, ele não seria mais custoso que o prosseguimento das gestões feitas até agora, pois boa parte das ações propostas baseiam-se em puro redirecionamento administrativo, e acabam corrigindo as curvas de gastos públicos, pela implantação de sistemas bem mais avançados. Depois, o planejamento integrado e estratégico tende a baixar enormemente os custos básicos das estruturas urbanas. Além disso, o desenvolvimento tecnológico acelerado também deve fazer com que muitas tarefas sejam simplificadas, executadas com maior eficácia, e se tornem também menos dispendiosas, no decorrer dos anos. E as relações custo-benefício também são muito favoráveis a essas propostas de reurbanização, pois, depois de instalados, a efetividade desses sistemas será enorme, sem comparação com os sistemas anteriores, considerando-se ainda as possibilidades de interação, potencialização, expansão e evolução contínua desses projetos baseados em conhecimento avançado.


Desde já, grandes projetos precisam ter como referência um planejamento urbano para a São Paulo 50 anos à frente, sem pular as etapas de todas as fases necessárias para se atingir essas metas, tendo-se já uma imagem mínima de como deverá ser a cidade em cada um desses estágios, a partir de um marco como, por exemplo, 2015 ou 2020. Ao cálculo de impactos ambientais deve-se acrescentar novos índices de “cálculo de impactos urbanos”, para que se avalie de modo sistemático o nível de saturação de demandas e ofertas urbanas, nos vários pontos da cidade. Isto evitaria que torres muito altas e grandes conjuntos de prédios fossem construídos em áreas já saturadas de demandas urbanas, e esses projetos poderiam ser convertidos em vários projetos menores de reurbanização, ou deslocados para outra região (as novas áreas propostas), e poderiam aguardar ainda que a área pretendida passasse a comportar as novas instalações.


A "CURA" DO ORGANISMO METROPOLITANTO


São Paulo é constituída por interespaços dispersos e desorganizados, por um baixo índice de integração, na divisão das várias funções urbanas (habitação, comércio, indústria, administração pública, escola, lazer, esportes, a especialidade dos serviços, setores administrativos, etc.). Isto não quer dizer que não haja redes extensas, complexas e interligadas, mas que o grau de concentração é grande demais, e os afluxos de qualquer natureza tornam-se muito confusos: sistemas de infraestrutura, pessoas, veículos, sistema viário e redes de transporte, separação e equilíbrio entre os vários campos de atividade, etc. As microrregiões urbanas precisam ser mais bem definidas, é preciso haver a modulação mais clara na proximidade de atividades afins (as “vocações” de cada rua, esquina, bairro, etc.), e elas precisam ser divididas de forma mais consciente (evitando falar “controladas”).


AS DESAPROPRIAÇÕES


Seria impossível executar um projeto deste porte fora de uma sociedade tecnológica e de cultura avançada, pois há vários pressupostos de compreensão produtiva, como as condições de negociação dos valores ou as perspectivas que se abrem diante de cada tema ou questão.


A população só abriria mão de seus valores se estivesse preparada para compreender a troca de valores simbólicos mais amplos que o valor nominal dos títulos. Mesmo assim, qualquer proposta do Estado à população de setores ou bairros a serem reurbanizados, redesenhados e reconstruídos, precisa obrigatoriamente apresentar aos cidadãos valores maiores que aqueles que as famílias detêm em determinado momento. Só mudariam de casa se soubessem reconhecer a perspectiva contratual em curto ou médio prazo de passarem a morar em casas melhores que as atuais, em vizinhanças afetivamente próximas do ambiente anterior, tendo diante de si um conjunto de opções de vida mais atrativas que as de então. O mesmo princípio vale para as empresas e demais instituições. Contudo, somente a dinâmica de gestões avançadas é capaz de cumprir planos para se tornar hábil a fazer essas ofertas. Mas, ao se habilitar a fazer tais negociações, o Estado tem diante de si a perspectiva de realizar operações infinitamente mais tranqüilas e menos custosas, de desapropriação de áreas. Que se consultem os registros dos intermináveis conflitos, processos e problemas criados pelas desapropriações, no passado. Nos novos projetos públicos, urbanos ou não, desde que a gestão se faça pelo conhecimento, seria possível negociar em bases sempre muito vantajosas para os todos os lados, salvo casos muito especiais, em que deverá prevalecer o interesse coletivo, também salvo alguma exceção. Tanto na ampliação ruas, quanto na construção de estradas, ou se necessário derrubar toda uma área da cidade, ou deslocar toda a parte de um bairro (é disso que estamos falando, no Projeto Cidades do Futuro aplicado à reurbanização de uma cidade quase caótica e à beira do colapso, das dimensões de São Paulo), é possível incluir diversos fatores na negociação, quer dizer, diversos valores, e métodos muito mais apropriados de cumprimento de cronogramas, nessas operações. Há toda uma ordem de preparo, procedimentos e providências preliminares, necessárias à correta execução desses planos. É preciso que formas interdisciplinares de conhecimento estejam suficientemente difundidas pelas diversas comunidades, para que se compreendam as escalas de valores envolvidas, e possa haver a colaboração de todas as partes. Sem isso, a reurbanização de São Paulo seria inviável, enquanto que a correta coordenação de todo o projeto faria com que diminuíssem muito as cifras econômicas, fazendo com que as negociações de desapropriação apresentassem uma paridade muito grande dos valores nominais, associadas a uma grande valorização primeiro simbólica das novas situações, que aos poucos se transferirá para os valores nominais (o valor em moeda corrente ou em papéis negociáveis), nos dois lados da equação.


Projeto Cidades do Futuro 18

quarta-feira, 12 de março de 2008

A Teoria Geral das Forças Produtivas 13 – Os procedimentos de confrontação de guerra e paz

FOTOS DA FINAL CONTURBADA DO BASQUETE, ENTRE URSS E OS ESTADOS UNIDOS, E DO ATENTADO TERRORISTA

Os Jogos Olímpicos de Munique em 1972 foram o auge da “contaminação” do espírito esportivo pelos confrontos bélicos e ideológicos da Guerra Fria e do Oriente Médio. A esportividade, quando não “ocupada” pelo belicismo ou pelo mercantilismo exagerado, é uma das formas mais desafiantes e sadias dos humanos encontrarem ou superarem os seus próprios limites, e os dos outros, respeitando-se os limites e regras de convivência pacífica.


Na era do conhecimento, que instala seus mecanismos iniciais nestes anos presentes, a confrontação será um dispositivo constante, necessário e fundamental, ao contrário do que se pensa, mas confrontação, neste caso, é o oposto da agressividade e da violência, sem prescindir da combatividade.


Pêcheux chamava de interpelação, isto é, checar cobrando pelo discurso a posição de um outro sujeito, individual ou coletivo. Bakhtin usava o termo confrontação para distinguir o processo discursivo, ou seja, a interpelação compreenderá uma dinâmica de negociação, um reconhecimento das posições e valores do outro, acompanhados de aceitação ou de rejeição, ou ainda de distanciamento, quer dizer, a interpelação levará à confrontação, mas este é justamente o cerne das linguagens e da interação social, quando os sujeitos se encontram no diálogo, na produção dos sentidos, das medidas e das posições relativas e recíprocas entre todos.


Mas os procedimentos de confrontação, isto é, a interação social organizada, dentro de comunidades, através de sistemas lingüísticos, pelo discurso em suas várias formas comunicativas-informativas (multimeios, memórias, microdiálogo, diálogos interiores...) vivem situações muito diferentes dos séculos anteriores, portanto seus protocolos e procedimentos devem-se alterar profundamente.


Por que havia tantas guerras? Porque o desconhecimento entre todos era muito grande. Não só o conhecimento subjetivo que cada indivíduo tinha de si mesmo, mas também as formas de conhecimento coletivo dos grupos e comunidades, das instituições e do meio exterior, de outras comunidades. Então era mais difícil compreender as posições de outrem, e sendo assim, mais difícil negociar e usar a diplomacia. Isto fazia com que as resoluções de força fossem quase permanentes, redundando em guerras sem fim, o que acabou criando uma “cultura de guerra”, e isto enraizou ainda mais a disposição para a luta, para a “confrontação”, como modo de determinar as trajetórias individuais, coletivas e no campo exterior das comunidades. Os confrontos armados ou instrumentalizados por formas agressivas predominaram. Não se tinha uma boa visão dos fatos, a visibilidade dos outros pontos de vista era bem limitada, e sempre ofuscada pelos interesses antagônicos e pelas paixões. Era muito difícil conceber alianças e parcerias que não fossem contra terceiros. Todas as angústias e afirmações existenciais acabavam sendo canalizadas pelos esforços de guerra, e pelo heroísmo de guerra. A paz apresentava poucos desafios aos espíritos mais inquietos, e estes mal sabiam como direcionar a energia de confrontação que brotava neles e queria ardentemente extravasar para o espaço vital e adjacências.


Essas grandes tensões todas se deram em territórios de obscuridade, um desconhecimento resultante justamente das faltas de confrontação “não armadas”. A falta de integração e de conhecimento sobre os outros lados de uma questão, sobre os outros interesses envolvidos, sobre as formas de resolução que poderiam ser encaminhadas. Não havia tantos encurtamentos tecnológicos e culturais das distâncias. O outro era de fato alguém distante, um estranho, um estrangeiro, mas esse ambiente global mudou radicalmente, então as relações sociais, interpessoais e internacionais não podem mais ser como eram, pois o mundo mudou muito, e as pessoas também. Hoje se vê, por exemplo, nas relações entre a Rússia e os EUA, ou entre os EUA e a Venezuela, entre os EUA e o Brasil, entre a Rússia e a Europa, que a integração econômica funciona como enorme bloqueio a qualquer escalada de violência entre eles. No século 20, muitas das disputas internacionais que ocorrem hoje evoluiriam para formas agressivas e não raro armadas, e sendo armadas, sem grandes dificuldades se espalhariam por toda a região e se tornariam generalizadas, mas há fatores impedindo que isso ocorra, apesar dos interesses serem muito mais fortes e organizados. Entre essas barricadas “pela paz” estão as formas de proximidade cultural e de informação globalizada, o estreitamento econômico entre os países, o conhecimento mútuo bem maior que se tem e, portanto, a maior visibilidade e compreensão esfriando os ânimos e facilitando o desenvolvimento da diplomacia e dos acordos comerciais.


As soluções pela força bruta tendem a ser vistas de forma crescente como manifestações de desequilíbrio e despreparo, como formas de “desconhecimento”. Os fatores que justificavam essas atitudes, os contextos que produziam essas “desinteligências” estão sendo erradicados dos ambientes culturais e produtivos. Não se justifica e não se explica mais, de forma racional, qualquer escalada de violência, a não ser é claro pelas parcelas de desconhecimento que ainda atuam, de maneira cada vez mais minoritária e isolada. O mesmo princípio se aplica ao espaço interno das sociedades e ao interior dos grupos sociais. Comportamentos mais mediados e moderados nas situações de confrontação deverão ascender a novas formas de liderança e de normas de convívio social. O desrespeito a tais procedimentos denotará de forma progressiva a ocorrência de um distúrbio ou sintoma, se esfera coletiva ou individual. As ações violentas serão objeto mais de estudos, treinamento e desautorização que de qualquer estímulo ou prestígio. Os procedimentos ainda marcados pela interpelação agressiva ou violenta passarão a ser classificados como formas anacrônicas e resistentes, como delírio de indivíduos ou grupos, sem lugar no mundo civilizado, como deficiência das habilidades. É isso o que se cobrou de governos recentes que adotaram receitas de provocação e de emprego da violência, mas também de grupos insurgentes que fazem uso da violência em todo o mundo. Em ambos os casos há muito mais risco, desgaste e retrocesso que avanços. Essa cultura agressiva é contraproducente e não combativa (não resolve, mas complica), e essa percepção já se infiltra também nos grupos sociais e no campo interpessoal. Confrontação é confrontação do conhecimento, do preparo e do diálogo, é atitude produtiva, ou seja, confrontação dialógica.


Na cultura do século 21 há muito mais oportunidades e jogos em andamento, há inúmeras frentes, não há um único ponto em disputa, uma única chance, o “tudo ou nada”. Se é preciso transigir ou conceder em uma questão, há como recuperar e superar o revés em seguida, no prosseguimento regular dos jogos. Quando se perde um negócio, a possibilidade de se apresentarem novas janelas negociais é imensa. Quando se disputa um valor, as condições de negociação nunca devem ser dramáticas, mas sim tranqüilas. São essas novas atitudes que mais avançarão no terreno produtivo do século 21, na política, no comércio ou em qualquer outra área de atividade.


A paz, como vimos, não traz mais a imagem de tédio, de tranqüilidade excessiva, de imobilismo e inércia, mas de confrontações sadias e constantes.


Teoria Geral das Forças Produtivas 13


sábado, 8 de março de 2008

Cidades do Futuro 17 – Um futuro para São Paulo 3

ILUSTRAÇÃO DA PÁGINA DA USP

A velocidade das dinâmicas urbanas da metrópole ultrapassa de longe o ritmo do planejamento urbano e negocial da “Paulicéia”. A Faria Lima deveria ser a avenida do futuro, seu projeto mal começou, mas a região já está toda saturada, e a situação irá piorar, se novos direcionamentos não se associarem a essas iniciativas.



Planos Emergenciais para São Paulo


Enquanto a reurbanização de toda a cidade não se organiza como projeto global, será preciso adotar medidas contingenciais em São Paulo, para que a cidade não colapse sob tantos problemas. Isto será necessário também porque a reurbanização levará vários anos, várias décadas.


Uma solução será o Anel Viário (conceito mais amplo que o Rodoanel), mas já há um problema com esse projeto, porque ele demorou muito para começar e está demorando muito para se expandir. As necessidades de tráfego de São Paulo estão crescendo bem mais rápido que as soluções. O Anel Viário provavelmente precisará ser ampliado antes de estar concluído, mas esta é a base das contingências possíveis. É preciso mudar urgentemente a geografia do trabalho na cidade, e isto implica infelizmente em abrir novos espaços na região metropolitana, em áreas ainda desocupadas, como se a cidade recomeçasse ali. Não é a mesma solução dos condomínios, por exemplo, pois estes ainda têm enorme dependência do centro da cidade. Essas novas áreas precisam ser abertas segundo o que se propôs no blog nos primeiros artigos sobre projetos urbanos. É preciso construir primeiro sistemas avançados de filtragem de impactos, e múltiplas vias de acesso, a pé, de bicicleta, de asa delta, de trem, teleférico, de ônibus simples, duplo, de um andar, dois andares, de skate, de carro solar, carrinhos de golfe, vale tudo, até de carro e de moto, em vias múltiplas, chegando de vários lados. Depois de instalados os sistemas hídricos propostos, formas alternativas de produção de energia (solar, eólica, térmica a álcool, etc, o importante não é só a contribuição atual, mas a instalação de alternativas em expansão) e sistemas diversos de filtragem de impactos ambientais (que níveis poluidores seriam aceitos para os veículos autorizados a circular nessa área, por exemplo), é que começariam a ser construídos os conjuntos comerciais e de escritórios, segundo códigos de construção cuidadosamente dimensionados e previstos. Um projeto desses poderia começar rapidamente, desde que cumprido integralmente e explicados os seus princípios aos ambientalistas. Nasceria uma Nova São Paulo, de dentro dessa aguda crise urbana.


Tais áreas precisariam ser construídas em dois ou três extremos da cidade, de acordo com as condições de acesso popular provenientes das áreas hoje mais estranguladas pelo sistema viário, de modo que as condições de transporte e de acesso ao trabalho melhorassem radicalmente. Está se propondo a migração dos postos de trabalho para essas novas áreas comerciais, nestes termos, sem demora. Há capital para isso, há terreno suficiente, há tecnologia urbana para sustentar um projeto dessa monta, as necessidades já são sufocantes, e as possibilidades de se criar tais projetos deve ser bastante atraente para os grandes capitais paulistanos, nacionais e internacionais (tome-se como referência o recente negócio imobiliário efetuado na Avenida Brig. Faria Lima,, de R$ 500 milhões).


O que não pode mais ocorrer é esse descontrole completo das estruturas urbanas, e a falta total de comportamento lógico no desenvolvimento da cidade, que evolui para o caos, em vez de evoluir para a organização. Seria um absurdo total, por exemplo, construir torres altíssimas ou grandes conjuntos de prédios em áreas que não comportam mais demandas urbanas, nas condições atuais. É preciso ter um pouco mais de ousadia, determinação e visão, mas isto a cidade tem de sobra, em potencial. Está faltando apenas usá-las na direção necessária, articulando suas gigantescas habilidades, quase sem igual no mundo.


Mas, simultaneamente à abertura dessas novas frentes urbanas, não se poderia abandonar as áreas mais antigas, como se fez durante tanto tempo com o centro velho de SP. Será preciso reurbanizar continuamente os planos mais antigos de São Paulo, reconstruindo a cidade a partir desses dois pólos, no mesmo projeto. O novo aeroporto e os transportes de massa são apenas a ponta de imensas geleiras, que podem ser diluídas pelo conhecimento e pelo planejamento adequado a essas questões.


revisão em 09.03.08

Projeto Cidades do Futuro 17



sexta-feira, 7 de março de 2008

A orientação essencial

Este é um slide de 35 anos atrás, escaneado sem grandes recursos. Estou na porta da Casa Branca, em Washington, com uma comitiva de estudantes do mundo inteiro, aos 15 anos. Nessa idade, já dava mini-palestras sobre o Brasil em salas de aula e respondia perguntas de estudantes americanos e de outros também estrangeiros, no programa de intercâmbio.


O Conselho do País

Quem teve oportunidade de acompanhar minha participação no Blog do Nassif durante o ano passado, deve ter lido algumas crônicas que publiquei no “Trivial”, sobre a espiritualidade e sobre Chico Xavier, ou textos redigidos sob a influência das forças espirituais. Também a presença de Jesus e das orações no “blog” é parte deste aspecto de minha formação.


Não posso dizer que sou médium, sempre fui racional e intelectualizado demais, minha disciplina preferida na escola era de longe a Matemática, e mesmo assim meu caminho se faz pela religião e pelas Ciências Humanas, apesar de repetidos esforços, infrutíferos e titânicos, para ser alguém “normal” e seguir as Exatas, como qualquer vocação. Demorei anos para compreender a influência espiritual em nossas vidas. Posso dizer que sou sensitivo. Não sou capaz de incorporar o espírito de outras pessoas, como fazem os médiuns, pelo que sei, mas sou capaz de incorporar suas palavras.


O Brasil passa por uma fase de enorme turbulência, em que suas forças se agitam quase desgovernadas, por terem de se desligar de elos passados, e ainda não estarem sensíveis, preparadas ou dispostas a estabelecer vínculos renovados com o país. Nossa nação está com febre alta, à beira do delírio, nas camadas mais profundas da nacionalidade, embora não seja visível na superfície. Vemos apenas alguma confusão e distanciamento entre os quadros políticos e a cidadania. Isto é sabido.


No Conselho Espiritual do país estão as figuras mais ilustres de nossa história, de todas as cores ideológicas e de todas as camadas sociais, pessoas célebres ou anônimos, de grande influência espiritual. Lembro Juscelino, Golberry, Tancredo, Ulysses, mas também Drummond, Guimarães e outros, que se citados criariam conflito em nosso plano de realidade, mas que estão em harmonia, por seu amor ao Brasil.


Os estudos que faço atualmente são relevantes para o debate de nosso país, por isso podem incomodar setores que ainda não perceberam que sou o amigo, não o adversário, já que as mudanças são necessárias. Esta é uma grande encruzilhada dos tempos. Então o “Conselho” me diz para buscar a proteção moral de algumas autoridades, através das quais eles – os nossos guias nacionais – podem influenciar medidas de moderação, para que superemos este período delicado, em que, de outro lado, o Brasil tem grandes chances de se tornar um dos países de liderança no mundo, isto é, cumprir seu destino, em vez de se afundar em mazelas e conflitos intermináveis.


O prefeito de minha cidade, São Carlos, o governador de meu Estado, São Paulo, o presidente de meu país, Brasil, estas são as pessoas que devem cuidar de mim, para que possa desenvolver meu trabalho. Mais do que isso, não são apenas as pessoas, mas as funções, quer dizer, os que já ocuparam esses cargos em qualquer tempo, os que ainda irão irão ocupá-los. Quer dizer, este compromisso é para a vida inteira, pois o agora também é a eternidade. Mas estes laços não são para benefícios apenas individuais ou particulares. Todas as famílias brasileiras dependem dos bons resultados deste esforço, de um grande portal dos tempos que se pode abrir para nós.


Quem acompanhou este trabalho desde o início, cerca de 5 anos atrás, sabe das dificuldades que tenho tido para realizá-lo, e também do apoio que tenho tido, das fontes mais diversas e, muitas vezes, inesperadas. Agora estão chamados a contribuir para a realização tranquila deste trabalho os senhores e senhoras, prefeitos, governadores e presidentes citados, em todos os tempos.


Aqui está um fiel servidor, o trabalho vocês já conhecem, e eu apenas sigo a orientaçào que me é dada, nada mais, nada menos. Precisamos juntos levar a democracia brasileira para além deste terreno de incerteza.


Crônicas Espirituais 1



 RECADOS     

PARA OS AMIGOS, ANJOS DA GUARDA E LEITORES DO BLOG: 

21/10/08, 18:18 - AINDA PREPARANDO O CAPÍTULO 3 DE HISTÓRIA DA FALA

                        - RELENDO  Bakhtin, e as "NOVAS CONFERÊNCIAS INTRODUTÓRIAS", de Sigmund Freud

                        - PRIMEIRO ARTIGO DA SÉRIE SOBRE SEXUALIDADE FOI PUBLICADO !

                        - PREPARANDO 2º ARTIGO SOBRE SEXUALIDADE: 

A ESTÉTICA DA NOVA PORNOGRAFIA (texto não restritivo) - A questão estética da pornografia é uma "não-estética", uma anti-estética, mas há um projeto para isso, e uma função ideológica implícita, quer dizer, romper com a estética faz parte de um conjunto complexo de relações sociais.