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terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Cidades do Futuro 10 - as novas bases de localização das cidades

Nos primórdios, as cidades surgiam nos locais mais convenientes, na confluência de rotas das necessidades comunitárias básicas (abrigo, defesa, água, alimentação, percepção estética, produção de utensílios e ferramentas e comércio rudimentar) com as formas de interação com outros centros em desenvolvimento, com as atividades nômades e as do espaço rural. No quadro atual, as plantas urbanas conseguiriam inverter gradativamente todo e qualquer laço de dependência básica, tornando-se em tese viável e sustentável mesmo nas áreas mais inóspitas, como em pleno deserto ou em plena Sibéria.


Mais um aspecto fundamental do planejamento urbano a partir do século XXI é o equilíbrio dos movimentos migratórios, e o acompanhamento mais próximo dos movimentos urbanos. O motivo mais freqüente das migrações populacionais é o econômico, a dificuldade de fixação das famílias em determinado lugar, devido às condições do mercado de trabalho, aqui entendido em sentido amplo, quer dizer, não apenas o trabalho assalariado, mas qualquer espécie de trabalho. Há outras razões fazendo as pessoas mudarem seu local de residência, mas estes apresentam números bem menores. Então, há algo errado nesse quadro, no contexto da economia globalizada: como é que determinada localidade, qualquer uma, não tem capacidade produtiva instalada e operante? Ao que se deve essa falha do sistema? Seria um problema de competividade dos mercados? De forma alguma! As alternativas econômicas são hoje infinitas. Trata-se de um distúrbio no sistema produtivo. As equações produtivas estão sendo mal aplicadas. Não há boa solução produtiva que seja inviável comercialmente, isto é axiomático, estabelece-se por definição. Há portanto uma ausência do sistema, que não é do Estado, nem da iniciativa privada, nem da sociedade, mas deficiências de organização. Em suma, é a estrutura urbana que apresenta problemas. Logo, se nas cidades do futuro é justamente a estrutura urbana que será sanada, as alternativas econômicas dessas localidades serão operantes. Sendo assim, cessa a necessidade do “escape” de subsistência, ou da fuga por falta de opções atrativas. As vocações de cada micro-região devem ser desenvolvidas, sem esquecer da forte base educacional-profissional sustentando a viabilidade fundamental de comunidade humana. Com isso, os movimentos migratórios assumem níveis equilibrados e mais fáceis de controlar.

O fato é que alguns princípios formadores das cidades foram alterados, mas os padrões de pensamento ainda não se readaptaram aos novos vetores urbanos, e esse descompasso se prolonga por décadas. Não são apenas as condições da Geografia do Trabalho que se alteraram, mas toda a Geografia Humana. O trabalho hoje chega até o cidadão de modo muito mais fácil do que antes, e a necessidade de fixação de postos de trabalho hoje é bem menor, tendência que se acelera. A atividade econômica mais geral, idem, pode ramificar-se facilmente, não raro chegando às casas das pessoas, isto é, resolvendo-se no ambiente doméstico, esteja onde estiver essa residência. Esses laços produtivos se aprofundam, e dispõem que em várias funções não há mais necessidade alguma de um espaço imóvel: centenas de milhares, talvez de milhões de cidadãos, neste novo mundo, podem trabalhar enquanto passeiam ou viajam. Em decorrência desse novíssimo aspecto produtivo, ainda em gestação, o próprio conceito de “residência” e de “casa própria” será reelaborado, e isto também está vinculado às novas dinâmicas familiares surgindo no horizonte.

Entretanto, os aspectos gerais da Geografia tornaram-se muito mais flexíveis, e passam a ter comportamento variável. Por exemplo: onde há água e onde não há? Onde ela é mais necessária, quanto e de que forma? Quais os métodos de captação, armazenamento, tratamento, distribuição e uso da água? E as matérias-primas, quais as perspectivas de abastecimento de cada uma delas? E as unidades produtivas, em que centros urbanos podem se desenvolver? As condições do solo e do clima para diversas culturas, como podem ser adaptadas? As fontes de energia e as redes de produção e fornecimento energético, quais são, como são, onde estão? Uma casa pode se tornar energeticamente superavitária? Pode “vender” energia? Quando vier a economia do hidrogênio, que impacto terá nos processos produtivos e nas formas de consumo? Quais as transformações culturais conseqüentes de todas essas mudanças, considerando-se ainda novas formas de educação, trabalho e treinamento ou habilitação profissional? E a Administração Pública, como serão reorientadas suas gestões? Por quê? Que resultantes políticas terão essas grandes transformações? Perceba-se que, no mundo globalizado, será praticamente impossível manter formas locais que não se integrem ao ambiente produtivo mais geral. Se um país tinha uma tradição fechada, atrasada ou resistente, os novos quadros econômicos diluirão esses modelos sem qualquer dificuldade e rapidamente, porque não apenas o sistema produtivo, mas também o sistema de trocas e o consumo globalizam-se. É de todas essas profundas mudanças na vida humana que discorremos nesta série de propostas.


Projeto Cidades do Futuro 10

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