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Citação de Bakhtin::

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sexta-feira, 11 de abril de 2008

A terceira grande crise do início do século

primeira revisão em 12.04


Os primeiros estágios da nova crise mundial de alimentos não seriam preocupantes, se eles não representassem a continuidade de certo descaso e indiferença em relação a fatores básicos desses ciclos produtivos. Mas a fonte das crises atuais é tentar administrar o século 21 com o pensamento dos séculos 19 e 20.


O final da primeira década do século 21 está sendo marcado pela eclosão de três grandes crises na base da cultura industrial: a crise ambiental, a crise americana e a crise dos alimentos. São crises positivas, no sentido de que sua correta resolução poderá elevar os níveis civilizatórios e melhorar as condições de vida da população mundial. Mas, a complicação delas, por decisões equivocadas ou por esforços insuficientes, fará com que seja muito mais difícil a resolução, em relação às grandes crises do século passado, e isto já causa apreensão. Porém, os riscos são ainda maiores, pois crises na base das culturas podem ser o estopim de outras crises nos sistemas básicos de vida, fazendo com que uma alimente a outra. Isto não ocorre à toa. Será característica da sociedade avançada que pequenos desvios de condução possam levar a grandes catástrofes de toda ordem. Já foi dito aqui que administrar a sociedade tecnológica será como conduzir um veículo em altíssima velocidade. Não pode haver erros, nos sistemas altamente sofisticados e integrados.


A falta de alimentos, por exemplo. Se projetado um cenário de fome, seria devastador para a ordem mundial. Populações com instrumentação avançada, reunidas em dezenas ou centenas de milhões de habitantes, não podem passar fome. Não existe mais essa alternativa no mundo globalizado. Seria o caos total. Também não podem ficar sem trabalhar. A rapidez com que vastos contingentes desocupados se degradariam ou se desviariam para atividades primeiro informais, e depois ilegais, seria estonteante. Os recursos naturais também não podem ser mais explorados sem critérios e controles crescentes, pois os níveis produtivos e as tecnologias de exploração esgotariam diversos bens ambientais em poucos anos, poucas décadas, e comprometeriam outros, colocando a própria vida na Terra em risco.


Se a cultura atual fosse incapaz de encontrar saídas para os impasses criados, nessas primeiras crises de esgotamento do mundo industrial, e pode-se acrescentar que os modelos financeiros da era industrial também se aproximam de seus limites, deveríamos estar todos verdadeiramente aterrorizados. Provavelmente, seria como se os anjos do céu começassem a soar as trombetas, e não há exagero algum nessas palavras, ainda mais diante da relativa indiferença e insensibilidade sistêmica parcial que atravessou toda a Revolução Industrial, consideremos todos os 200 anos aproximadamente como sendo a revolução industrial. Mas, felizmente, existem os meios para superação dessas crises. Diversos instrumentos civilizatórios, mais o conhecimento em diversas áreas (multidisciplinar), e também infinitas combinações de conhecimento nas áreas de fronteira disciplinar (interdisciplinar), são recursos perfeitamente capazes de resolver esses problemas muito graves, produzidos todos eles, notem bem, todos eles causados pela própria atividade humana.


Entretanto, os homens ainda não se acostumaram a lidar muito bem com os valores em jogo, e têm dificuldade de migrar de uma escala de valores para outra. Nesse caminhar o ser humano ainda está engatinhando. Saber como abrir mão do estatus em que se encontram, em determinado momento, reconhecer as grandes modificações trazidas pelos tempos, e saber transitar de um período para outro, de uma era para outra, em escala individual, familiar, grupal, comunitária ou coletiva, é uma operação sempre dificultosa, conflitiva, doída, hesitante e relutante, descontado o fato dessas grandes mudanças serem deveras assustadoras, pois os componentes desconhecidos são muito maiores do que estamos preparados para compreender e aceitar com tranqüilidade. Mas, as transformações estão realmente acontecendo e as medidas precisam ser tomadas com firmeza, para que as conseqüências não sejam desastrosas e os quadros não fiquem dramáticos.


Estes são os obstáculos e desafios a serem vencidos. Para que a produção alimentícia aumente na proporção necessária, daqui em diante, as atitudes produtivas precisam mudar tudo, em todo o modo de produção, e não apenas na produção de alimentos. A adaptação às novas exigências ambientais demandará alterações culturais radicais. A renovação do ambiente produtivo é essencial à criação de postos de trabalho e de oportunidades negociais. Com isso, todos os sistemas estruturados estão em crise, e basicamente tudo precisa ser mudado. A encrenca é grande, porém, como já se afirmou, a cultura tem os recursos necessários para fazer frente a esses desafios, desde que corrija seus procedimentos de acordo com os novos quadros civilizatórios, desde que esteja disposta a superar os desafios do século 21.


O ciclo hidrológico. Não pode faltar água! Para isso, além de se criarem sistemas de reúso, não se pode mais desmatar, pois a falta da cobertura vegetal mais densa rompe o ciclo da água na superfície, fora o problema do aquecimento global, e demanda a captura de água no subsolo, fazendo com que esses recursos também escasseiem. E depois disso, o que poderá ser feito? Como aumentar a produção de alimentos? Quer dizer, sem cobertura vegetal densa convivendo com descampados segundo um equilíbrio bem desenhado, diminui a oferta geral de água doce no território considerado. No Brasil isso seria desastroso, pois a “abundância” de água doce em nosso país tem sido decorrência direta da integração de vastas bacias hidrográficas alimentadas pela água de superfície em áreas de grande umidade (Amazônia, basicamente). Se a Amazônia desaparecer, as outras bacias serão seriamente afetadas, por causa desse fenômeno da perda de umidade e da alteração do regime de chuvas. Então, uma discussão muito séria precisa ser feita, para estabelecer padrões de equilíbrio hidrológico, como se disse, sem contar ainda o problema do aquecimento, que está também associado aos fatores do ciclo hidrológico (absorção e liberação de carbono).


Não é difícil perceber que alguns princípios de equilíbrio foram desrespeitados, e que os critérios vigentes nas várias atividades precisam mudar, na direção de se regularizarem os recursos naturais básicos: o ar, a água e o solo. Além deles, o clima. Água e comida estão intimamente ligados, no que diz respeito aos recursos básicos de manutenção do sistema de vida do planeta, quer dizer, o problema climático envolve pelo menos três frentes principais: o ciclo hidrológico no continente, as mudanças climáticas globais e a preservação dos oceanos (fator climático das correntes marítimas, biodiversidade e produção de quase todo o oxigênio respirado).


Mas não está dissociada dessas mesmas conjunturas a crise americana, ameaçando afetar todo o mercado global. Resumindo, há um problema com a base comportamental da civilização, uma necessidade de reavaliar critérios de sustentação e viabilidade. Outra vez, equilíbrios, princípios e limites foram rompidos, e agora, para começo de conversa, quase 10 milhões de famílias americanas poderão perder suas casas, se medidas extremas não forem adotadas. Mesmo assim, não fica garantida a regularização, ou seja, práticas inadequadas abriram um rombo enorme no sistema produtivo americano, e este pode se alastrar no cenário internacional, pois pequenos “deslizes”, nos níveis civilizatórios extremamente sofisticados e formalizados do século 21, podem ter efeitos imprevisíveis, em todos os campos da vida humana.


Essas crises no alicerce da humanidade podem ser muito positivas, se houver progresso humano e avanços culturais, ou poderá ser o início de uma onda avassaladora, criando uma escalada incontrolável de crises, e aí pode ser que as trombetas comecem a realmente soar. Alguém duvida disso?


***


DESENVOLVIMENTO POSTERIOR


O artigo de José Paulo Kupfer, A Fome não é só Comida, publicado no Último Segundo, em 12.04, por ser anunciado pelo IG com o sentido de que o aumento na produção de alimentos não é a solução para a crise alimentar, merece alguns comentários. O artigo opinativo do jornalista não está centrado exatamente no sistema produtivo, mas em um aspecto particular, o dos preços relativos pela valorização dos preços das commodities, e a consequente especulação em torno dos estoques alimentares. Desenvolve sua tese de um lado querendo fazer baixar os preços dos alimentos e, de outro lado, facilitar o acesso das faixas menos favorecidas da população aos alimentos, através dos programas governamentais.



Não concordo com isso, mas também não discordo totalmente. É preciso sim começar a aumentar urgentemente o nível da produção alimentar, mas percebam que aqui se faz menção a todo o ciclo produtivo, e não apenas ao momento específico dos volumes de safra. Então, todo o escoamento e beneficiamento posterior está incluído, assim como a transformação dos produtos básicos em produtos diversos no mercado consumidor, sem esquecer os programas sociais do governo. A quantidade de trabalho total dispendida nesse setor precisa aumentar (o espectro de energia), e o modo imediato de fazer isso é o aumento linear (aritmético, como foi dito) da produção. Depois, o próprio processo irá cuidando dos fatores de produtividade, desenvolvimento e inovação tecnológica. Precisa haver mais terra plantada, safras maiores e um contingente maior de pessoas trabalhando nesse setor, pois as pressões alimentares apenas começaram a se fazer sentir. Elas vão aumentar muito mais! E lidar com a crise alimentar, como já foi dito, irá exigir esforços e correções em várias fases produtivas, na infraestrutura, na cultura produtiva e nos critérios produtivos.



Dizer que os volumes colhidos nas safras cobrirão matematicamente as necessidades calóricas da população mundial não é discutir a crise dos alimentos, mas analisar apenas alguns dos aspectos financeiros envolvidos, o preço relativo devido às inseguranças atuais do mercado, dando ênfase apenas aos jogos dos índices de valor. Mas isso é sintoma! A crise alimentar existe e está engatilhada no mercado global, envolvendo as próximas décadas e bilhões de pessoas. É preciso cuidar dos índices, realmente, mas não se pode esquecer dos produtos "em espécie".



Século 21 - 1


quarta-feira, 9 de abril de 2008

A Teoria Geral das Forças Produtivas 16 - Sistemas Avançados de Planejamento

EM POUCO TEMPO, O DESEMPREGO SERÁ COISA DO PASSADO

Nas casas das famílias poderão estar instalados diversos terminais de serviços, de projetos, de aprendizagem e de comunicação, conectadas a uma infinidade de redes de produção ou de simples entretenimento e comunicação pessoal, modificando totalmente a disposição dos espaços sociais e as formas de interação ou circulação.


As Redes de Divisão do Trabalho: as RDT"s


A organização das atividades cotidianas dos cidadãos, na sociedade tecnológica, precisam seguir o espectro de energia (v. artigo anterior sobre o tema) , isto é, as formas potenciais de energia, a produção energética e seu dispêndio devem dispor de um sistema capaz de saber, simultaneamente, se um ferro elétrico está apresentando problemas, em uma cidadezinha no coração da Amazônia, se a quantidade de trabalho aplicado em gerenciamento municipal, em outra localidade no norte de Minas, é suficiente, ou se é preciso redirecionar as funções do quadro de pessoal da prefeitura, e se o perfil de prática de esportes em um terceiro município, no Oeste de Santa Catarina, pode ser mais bem aproveitado.


O acompanhamento de atividades diárias são formas de controle integrado, quando necessário, como no caso de rede de fornecimentos de energia, o trânsito na cidade, os níveis de desemprego e o tráfego de informações nas infoways, mas podem ser também sistemas informativos de orientação, a que os cidadãos têm acesso para traças suas estratégias familiares e pessoais. Será possível detectar com razoável antecedência, e com maior acuidade, quais serão as perspectivas e dificuldades de cada carreira profissional, e as condições de trabalho em cada localidade e região, acompanhadas de projeções para 5, 10 ou 15 anos. Os cursos à distância e as diversas formas de treinamento irão possibilitar que os cidadãos tenham formação em várias especialidades, de acordo com suas características e história pessoal. Isso já ocorre na sociedade atual, mas não é uma ocorrência comum. No futuro, será muito mais fácil que profissões diversas de nível médio ou superior sejam seqüenciadas ou acumuladas pela mesma pessoa. Em que medida e diante de quais limites, isto só o tempo poderá dizer. Considere-se, neste caso, que toda a vida escolar dos cidadãos, desde a tenra idade, será muito diferente da atual, e que a sociedade irá funcionar igualmente de maneiras muito diferentes, no que diz respeito à formação escolar, treinamento profissional e ao exercício profissional.


Nas estações centrais de informação estratégica, será possível acompanhar todo o espectro da divisão de trabalho, os quadros de oferta e procura de cada função, a análise qualitativa acompanhada das resultantes de qualidade de cada unidade produtiva, que pode ser desde o país inteiro, passando por regiões, estados, cidades, bairros, organizações, setores, empresas, casas, famílias ou cada um dos indivíduos, e várias fases e aspectos de um mesmo indivíduo. Suas notas em matemática no ensino médio contrastando com a brilhante solução de um problema na produção de determinada substância, em um laboratório onde trabalha. Os dados de um grupo econômico que começou como cooperativa de apanhadores de material reciclável nas ruas, mas que depois ampliou suas atividades e está se tornando uma nova potência econômica. Como casos isolados isso já acontece bastante, e em sistemas bastante sofisticados. Podem ser citadas as redes de trabalho na agroindústria brasileira, que estão ligadas à Embrapa, ao Banco do Brasil, ao programa de TV do Globo Rural, aos eventos e feiras agropecuárias, etc, formando uma cultura coesa e de grande produtividade. Outros setores também se destacam com a mesma excelência de organização produtiva. Mas é possível avançar mais, organizar mais, e fazer com que todo o sistema de trabalho tenha menos efeitos negativos, como acidentes de trabalho, desemprego ou falta de mão de obra especializada, conflitos trabalhistas, problemas administrativos, falhas ou insuficiência de formação e treinamento, baixa qualidade nos produtos e serviços, etc.


As redes de divisão do trabalho são redes complexas de informação, redes de conhecimento em nível gerencial, de investimento ou de usuários comuns em todos os pontos do sistema. O fato desse universo de informações ser produzido, organizado, estar circulando e estar disponível para acessos de natureza múltipla já criam um ambiente produtivo bem diferente do que existe hoje, com um grau enorme de comunicabilidade, à velocidade dos sistemas digitais, isto é, praticamente instantâneos. Desde que a pessoa seja reconhecida pelo sistema, tenha seu currículo avaliado constantemente, sua vida produtiva acompanhada, ela poderá estabelecer compromissos e contratos profissionais com empresas em qualquer parte do mundo, deslocar-se para lá ou trabalhar à distância, criar vínculos diferenciados, ainda que simultâneos, com tarefas profissionais totalmente distintas. Poderá projetar uma casa, consertar um aparelho eletrônico, fazer o arranjo de uma música, redigir um texto formal, examinar um processo e dar uma aula para uma classe virtual, e isto poderá dar a volta ao mundo, sem que o cidadão saia de sua casa. Poderá também, trabalhar de vigia noturno de um museu, dirigir um veículo de manutenção em uma fábrica, escrever um artigo para uma revista, editar um blog seu ou de outrem, etc. Poderá até assistir televisão.


Estudos dos dados colhidos produzirão diversas análises sobre diversos fatores produtivos, dando conta das condições de produção e da qualidade dessa produção em um sistema escolar, em um escritório, na produtividade de um determinado tribunal de Justiça, avaliando as causas, por exemplo, dos diferentes níveis de consumo de determinado remédio, em localidades diferentes, em faixas etárias ou em indivíduos de profissões diversas. Projetar e prever situações e oferecer esses dados aos mercados e à sociedade. Subsidiar cálculos diversos de produção e investimento. Dar informações retroalimentadoras, que aperfeiçoem as redes existentes ou criem novas redes de trabalho.


O sistema consolidado das RDT’s dará uma visão panorâmica de todo o quadro de atividades diárias da cidadania, sempre respondendo à questão geral básica, sem excluir pequenas variações: o que é que os cidadãos fazem pela manhã, depois de acordarem, e o que fazem durante todo o dia, até adormecerem novamente?


A meta é o sistema poder responder essa pergunta focalizando um número cada vez maior de cidadãos, um número maior dos dias corridos do ano, em detalhes cada vez mais minuciosos, seja por dados fornecidos pelos próprios usuários, por pesquisas formais de amostragem propostas aos cidadãos, por coleta eletrônica de dados, autorizadas por públicos selecionados ou sondados, por autorizações especiais de órgãos profissionais e governamentais, etc., sempre dentro da lei, rigorosamente dentro da lei, punindo severamente os abusos, ainda que com penas leves e comunitárias, de preferência, e multas com reincidência, para as empresas, além do enquadramento penal. Cumpre observar que somente a observância das leis permitirá que esse sistema realmente funcione, e produza benefícios para toda a sociedade, durante muitos anos. A resposta à questão anterior formará um conjunto extremamente objetivo das formas produtivas dessa sociedade, e criará noções de valor, relações internas de sistema, apreciações sobre o cotidiano produtivo e sobre a cultura geral que de outra forma não estariam disponíveis, com toda essa amplitude e possibilidades de aprofundamento.


Teoria Geral das Forças Produtivas 16



 RECADOS     

PARA OS AMIGOS, ANJOS DA GUARDA E LEITORES DO BLOG: 

21/10/08, 18:18 - AINDA PREPARANDO O CAPÍTULO 3 DE HISTÓRIA DA FALA

                        - RELENDO  Bakhtin, e as "NOVAS CONFERÊNCIAS INTRODUTÓRIAS", de Sigmund Freud

                        - PRIMEIRO ARTIGO DA SÉRIE SOBRE SEXUALIDADE FOI PUBLICADO !

                        - PREPARANDO 2º ARTIGO SOBRE SEXUALIDADE: 

A ESTÉTICA DA NOVA PORNOGRAFIA (texto não restritivo) - A questão estética da pornografia é uma "não-estética", uma anti-estética, mas há um projeto para isso, e uma função ideológica implícita, quer dizer, romper com a estética faz parte de um conjunto complexo de relações sociais.