revisado em 13.01, 12:44.
Não tive o prazer de conhecer o jornalista Alon Feuerwerker. Nem sou jornalista. Mas é bem provável que já tenhamos frequentado a mesma sala de aula, na ECA-USP, durante alguns dias, mais de 20 anos atrás. Logo mudei do curso matutino para o noturno. Lembro-me de alguém chamado Alon, fisionomia muito parecida com o Alon Feuerwerker, e que fazia algum sucesso na classe, por já trabalhar na Folha de São Paulo, naqueles anos, prestigiadíssima em todos os segmentos da sociedade brasileira. Ele continuou jornalista, eu continuei bancário, por mais 10 anos, e me formei em Letras. Pode não ser...
Mas esses são detalhes secundários. O que está em pauta hoje é o Blog do Alon. Li o post "De onde vêm os Obama", publicado em 11/01. O sucesso relativo e talvez momentâneo da "candidatura alternativa" à sucessão presidencial americana leva-nos a refletir um pouco mais, desta vez, devido ao perfil das conjunturas criadas pelos 2 mandatos de W. Bush. Nesse post há uma boa análise de fundo sobre a fadiga dos modelos hegemônicos, especificamente do modelo unilateral da única superpotência remanescente da Guerra Fria, a norte-americana. O contexto global parece estar caminhando para o multilateralismo. Em assim sendo, desestabiliza-se ainda mais o projeto neoconservador dos republicanos, de reforço à hegemonia unilateral dos EUA. Essa posição americana fica enfraquecida não só pelos inúmeros problemas e questionamentos que quase ilharam os americanos na comunidade internacional, mas também por causa dos custos enormes dessa aventura anacrônica de uma liderança exclusiva e inquestionável de um único país, sobre todos os outros. Isto é incompatível até mesmo com o esforço de globalização, liderado pelos americanos.
Depois, Alon traça certos paralelos entre os EUA e o Brasil, e apresenta uma argumentação crítica sobre a postura dos políticos atuais, que estariam entregues a um pragmatismo fisiológico sem grandes propósitos ou compromissos públicos e cívicos, para com seus representados, os vários segmentos da população. É mais um texto relevante entre outros, tentando discutir com a classe política novos caminhos, novas posturas, resgates de antigas relações politicamente mais consequentes. A visão proposta pela matéria é a de que esses comportamentos e posturas estão na origem das políticas públicas mal direcionadas, de gestões duvidosas e muito dispendiosas ao erário, e isto estaria produzindo um enorme desgaste de todo sistema.
Estamos falando de uma "crise da representação", a ser debatida nos EUA e também no Brasil, em ano eleitoral, de costura de alianças e compromissos que já se engatam diretamente à sucessão presidencial brasileira. Neste sentido, o que ocorre no Norte com o senador Barack Obama não estaria muito distante de ocorrer também em terras brasileiras. Contudo, acima de todos esses elementos, fica o convite para que todos os brasileiros façam um exame de nossos quadros políticos atuais, antes de tomarem o grande fôlego para 2008 e 2010. Os políticos não estão sozinhos no quadro político atual. A cidadania, a imprensa, o empresariado, a sociedade civil, devem abrir um diálogo permanente com os políticos, para a que os elos e canais de representação sejam fortalecidos, fortalecendo também a democracia, que não é mais nacional e sim global.
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