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domingo, 24 de fevereiro de 2008

A Teoria Geral das Forças Produtivas 5 – O novo agente produtivo central

A OBJETIVIDADE DA NOVA "SUBJETIVIDADE PRODUTIVA"


revisado em 25.02.08

De modo bem gradativo iremos desvendando a partir de agora o núcleo dinâmico da TGFP. Já mostramos resumidamente como pode caminhar a palavra por vias intelectuais ou físicas, durante a produção de um piano, ao mesmo tempo em que esta palavra é usada para seus fins lingüísticos. Estudos bastante extensos poderiam ser feitos, analisando a trajetória das palavras ou do discurso em ambientes produtivos específicos. Agora é preciso constituir os agentes da produção de riquezas, mantendo-se a visão ampla da riqueza como bem resultante do trabalho humano, não se restringindo, portanto, à Economia formal de empresas materialmente constituídas, independente de sua situação fiscal, quer dizer, legais ou “piratas”. Desta forma, a cultura produz riquezas, mesmo as que não têm valor imediato de mercadoria. E isto não é arbitrário, mas segue a orientação das tendências econômicas atuais, de compreenderem a própria instituição social (a sociedade humana) como sendo a riqueza central, neste estágio avançado das forças produtivas.

Os agentes comuns não são eliminados, mas deslocados do centro produtivo. Os recursos naturais, o capital financeiro de investimento e custeio, as matérias-primas, os recursos humanos e tecnológicos, obviamente continuam a figurar como fator produtivo, contudo, sua organização será transformada, ao que equivale dizer, o modo de produção e seus sistemas serão alterados. No centro das forças produtivas passa a figurar como agente o “sujeito”. Mais especificamente, o “sujeito da produção”, ou “de uma produção”, pois cada processo tem sua singularidade. Ë fundamental estudar a constituição desse sujeito produtivo, o elemento, fator ou aspecto central a tomar a iniciativa de uma fase ou processo integral na produção, aquele elemento sistêmico que chama para si e organiza o conjunto de tarefas em sua posição na rede produtiva, e isto inclui tanto funções específicas e técnicas, quanto as mais gerais e administrativas, e ainda as de inovação, aperfeiçoamento e estudo.


Se as riquezas passam a ser civilizatórias, e a sociedade passa a ser “a riqueza em si”, então ela tanto é a produtora de diversos bens e serviços (na cultura simbólica, ela também é a “apreciadora”, isto é, a que “reconhece” o valor não só da produção quanto dos recursos naturais), quanto também se autoproduz (não é a mesma coisa que “reprodução”, pois neste caso há um sentido mais repetitivo e conservador, em vez de ser mais original e criativo). Mais do que isso, ela se torna o objeto mais importante de todo sistema produtivo. Além de objeto do trabalho individual e coletivo, ela é também o “sistema”.


Nessas novas formas econômicas, sistematizadas pelo conhecimento, administra-se uma rede de comunidades capazes de manter uma produção constante de conhecimento, este é o bem primário. Quer dizer que as coisas mais triviais do espaço doméstico, antes ignoradas, passam a ter função e valor produtivo formal. A própria casa passa a dividir espaço com as funções produtivas, e com as estritamente profissionais, e nela podem estar instalados terminais produtivos bem mais complexos que os antigos “escritórios” e “fundos de quintal”. As atividades comuns dos cidadãos passam a ser apreciáveis no andamento direto da economia, passam a ter significância produtiva, na formação dos novos ambientes produtivos. Contudo, o cidadão, além de agente, passa a ser igualmente a riqueza “por excelência”, pois uma população bem formada para seu sistema produtivo, na sociedade tecnológica e democrática (fundamental a democracia, para que não prevaleça o totalitarismo tecnológico, aí sim convertendo pessoas em pura engrenagem), passa a ser o “bem primário”, o fator produtivo central da economia. Quer dizer que não é mais o capital financeiro (por si só pouco poderá fazer), nem a tecnologia necessária (que pode se tornar obsoleta em poucos meses, em 2 ou 3 anos), nem o acesso garantido às matérias primas e insumos indispensáveis, que por si só têm seu valor relativizado e não são garantia nem da produção, nem da viabilidade comercial. Mas, se equipes de produção bastante flexíveis e integradas em redes produtivas de altíssima qualidade puderem ser mantidas, então a economia irá bem, e saberá integrar-se aos quadros produtivos que se desenharem. Vejam que a China construiu em parte o seu gigantesco potencial produtivo atual seguindo em parte essa metodologia. Digamos que ela tangenciou a TGFP e está conseguindo integrar mais de 1 bilhão de pessoas ao mundo globalizado, sem ser mais tão dependente dos recursos financeiros para tudo, mas focalizando bastante os aspectos culturais e uma idéia da "cidadania como trabalho", que atuou bastante na industrialização americana e japonesa. Logicamente são "exemplos impróprios", já que os outros fatores pouco têm em comum com estas propostas.


Indispensável complementar que são indissociáveis a subjetividade econômica e a cultura produtiva (as condições produtivas) que a constitui. Isto quer dizer que ela não é "algo individual", mas o sujeito como tecido social organizado para o trabalho. Sobretudo, o sujeito da produção como agente primário das riquezas é a "posição produtiva" de alguém capaz de observar de modo discursivo os seus processos de consciência como "algo produzido em comunidade", segundo determinadas situações materiais, culturais e dialógicas. Nos textos seguintes, procuraremos detalhar melhor essas formas constitutivas. Vale acrescentar também que, nesse novo modo produtivo, sujeito e cultura atuam juntos, ambos formam o agente produtivo central.


Teoria Geral das Forças Produtivas 5

Um comentário:

luzete disse...

Horácio, te conheço do blog do nassif e, há algum tempo, teho visitado seu blog.
Sua proposta é sofisticada mas ainda não me debrucei para lê-la adequadamente. De qualquer modo, só posso te parabenizar pela ousadia. Estudei o tema da linguagem para um trabalho que desenvolvi em Olinda, junto com uma equipe de educadores.
Gostei particularmente das considerações q vc faz sobre a estrutura da escola. abração procê e sucesso.

 RECADOS     

PARA OS AMIGOS, ANJOS DA GUARDA E LEITORES DO BLOG: 

21/10/08, 18:18 - AINDA PREPARANDO O CAPÍTULO 3 DE HISTÓRIA DA FALA

                        - RELENDO  Bakhtin, e as "NOVAS CONFERÊNCIAS INTRODUTÓRIAS", de Sigmund Freud

                        - PRIMEIRO ARTIGO DA SÉRIE SOBRE SEXUALIDADE FOI PUBLICADO !

                        - PREPARANDO 2º ARTIGO SOBRE SEXUALIDADE: 

A ESTÉTICA DA NOVA PORNOGRAFIA (texto não restritivo) - A questão estética da pornografia é uma "não-estética", uma anti-estética, mas há um projeto para isso, e uma função ideológica implícita, quer dizer, romper com a estética faz parte de um conjunto complexo de relações sociais.