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Citação de Bakhtin::

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quinta-feira, 1 de maio de 2008

A renovação política do século 21: a representatividade

POPULAÇÃO EM FRENTE AO CONGRESSO NACIONAL, NA CAMPANHA DIRETAS-JÁ

Os institutos de pesquisa alcançaram um altíssimo grau de respeitabilidade e confiabilidade, nos últimos dez anos. Aperfeiçoaram seus métodos, e isto se associou a formas culturais mais bem integradas, sob os sistemas globalizados e eletrônicos. Da mesma forma, o conhecimento se dissemina na sociedade, e com isso os comportamentos tendem a ser mais sensíveis, diante de padrões oferecidos. Todos que gravitam nas “faixas de ajuste” do sistema produtivo atual, queiram ou não, tornam-se mais previsíveis e, portanto, mais susceptíveis a diversos estímulos, sugestões e influências. Esse grau mais adiantado de organização social reflete-se também na política, e com isso os jogos políticos passaram a ter margens mais estreitas, variações menores, opções que, se não são mais limitadas, tendem a ser mais bem delimitadas. O espaço para as surpresas diminui muito, a ponto de serem quase impossíveis.


No primeiro momento isto poderia parecer negativo para o equilíbrio social. Favoreceria de maneira indevida os grupos políticos mais próximos dos postos estratégicos da sociedade, criando uma onda conservadora vitoriosa no mundo, associada geralmente às doutrinas do financismo e do mercadismo, embora isto seja na verdade uma simplificação das coisas, pois se trata, efetivamente, da ação de grupos concretos, perfeitamente identificados, de composição conhecida, e não de largas faixas ideológicas mais abrangentes, como eram, por exemplo, os conceitos de direita, esquerda e suas derivações. E boa parte da política internacional de fato caminhou para esse quadro, contudo, até certo ponto. A partir de determinado grau de polarização política, porém, esses arranjos se diluem em parte, deixam de ser eficazes, isto também tem ocorrido em diversas regiões do planeta. O que parecia retrocesso está, em vez disso, tornando-se avanço, pois a população nesse intermédio tem aprendido a dar respostas mais certeiras, e deste modo as surpresas ficam mais difíceis de ambos os lados.


O caso é que a disseminação informativa na cultura pós-industrial, se de um lado facilita a modelagem das narrativas sobre o cotidiano, e nos casos mais rudimentares e grosseiros a manipulação mais desbragada, dialogando com um público mais receptivo aos seus argumentos, de outro lado esse mesmo jogo simbólico fez com que a população passasse a compreender melhor os compromissos da representação política, ou a falta deles. Dizer simplesmente que as gerações da política brasileira sucedem-se em classes cada vez mais despreparadas e distantes, pode estar correto ou não, conforme o caso, mas será sempre uma avaliação parcial desse fenômeno de um virtual descrédito do discurso político, na democracia brasileira. Paralelamente às astúcias e nuvens ideológicas, o que parece estar ocorrendo é que os eleitores desenvolveram a percepção dos vínculos reais que os ligam aos seus representantes na política. Ficou mais claro o fato de que a classe política deve se comprometer diretamente com seus eleitores, e esta é uma visão sistêmica aprendida pela coletividade, não é uma idéia passageira. Mais do que isso, o público brasileiro (já que boa parte da política se faz ou se conclui através da mídia) dá sinais de que está sabendo traduzir os laços de representação de forma cada vez mais objetiva, mas as classes dirigentes brasileiras não perceberam isto, ainda. Os institutos de pesquisa já constataram esta grande mudança, e há tempo dão mais importância às pesquisas qualitativas.


Há um caminho bastante trabalhoso para explicar por que isto tem acontecido, e o leque de explicações vai desde essa presença da informação sistemática no cotidiano até a experiência do governo Lula, como resultante das intensas mobilizações de organizações populares e instituições da sociedade civil. Mas a própria crueza do jogo, ao contrário do que se poderia esperar, também tem ajudado. Os “reis” parecem não se incomodar em ficar “nus”, e brincam com isso, alguns, e outros negam peremptoriamente o fato, procuram “disfarçar”, diante da cidadania perplexa, mas o discurso vale, e parece passar, só que com isso um fato não se altera: os reis estão nus, e com isso o povo aprende!


Tanto de um lado como de outro não há mais muitas máscaras, a não ser pelo formalismo do próprio jogo, quer dizer, faz parte da formação discursiva política essa postura de “embreagem”, de não se engrenar em todos os dentes dos mecanismos, mas ter uma “área de escape” estratégica, os próprios eleitores avaliam essa habilidade. Entretanto, o núcleo do jogo está exposto, na política brasileira, também de ambos os lados. Não é mais segredo para ninguém a questão do orçamento, do que se vai fazer com o dinheiro. Tudo, na visão política brasileira atual, diz respeito à gestão do dinheiro. Há outras alternativas, mas esta é a tônica atual. Por isso é que os programas partidários, as plataformas eleitorais acabaram sendo abrangidas por aquele mesmo conceito geral de “promessa”. Tudo virou “promessa de político”, a não ser o “din-din”. Este é o que interessa. Essa secura dos interesses políticos teve o efeito de alienar o debate durante alguns anos, e de contribuir para a confusão do discurso mais significativo, aparentemente. Mas, depois de um tempo, começou a querer emergir com força essa questão da representatividade, que pode ser traduzida pela expressão “linha direta” entre o político e o eleitor. Para isso contribui também o aumento da interatividade nas formas de comunicação social. A noção de que o representante “está lá” para defender os interesses mais objetivos do eleitor está ficando mais clara, e é por isso também que se projetou a crise da representatividade. Por si só, a classe política não está mais distante do eleitorado. Em certos aspectos, está até mais próxima, contudo, hoje há uma consciência maior de que os vínculos da cidadania com os eleitos para os mandatos populares precisam ser estreitados.


Quer dizer que todos os projetos políticos deverão ser orientados por esse novo contexto cultural, e esta tendência da representatividade deverá renovar todo o jogo político brasileiro, durante uns bons anos. Corresponde essa tendência central uma provável reeducação política generalizada em todo o país.


Política Brasileira 4


 RECADOS     

PARA OS AMIGOS, ANJOS DA GUARDA E LEITORES DO BLOG: 

21/10/08, 18:18 - AINDA PREPARANDO O CAPÍTULO 3 DE HISTÓRIA DA FALA

                        - RELENDO  Bakhtin, e as "NOVAS CONFERÊNCIAS INTRODUTÓRIAS", de Sigmund Freud

                        - PRIMEIRO ARTIGO DA SÉRIE SOBRE SEXUALIDADE FOI PUBLICADO !

                        - PREPARANDO 2º ARTIGO SOBRE SEXUALIDADE: 

A ESTÉTICA DA NOVA PORNOGRAFIA (texto não restritivo) - A questão estética da pornografia é uma "não-estética", uma anti-estética, mas há um projeto para isso, e uma função ideológica implícita, quer dizer, romper com a estética faz parte de um conjunto complexo de relações sociais.