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Citação de Bakhtin::

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sábado, 16 de fevereiro de 2008

A Teoria Geral das Forças Produtivas 2 – Os aspectos iniciais da produção dialógica

A MICROSOFT HÁ 30 ANOS

O rapaz magrelinho, de azul, é Bill Gates, fundador da empresa. Hoje ele tem uma fortuna pessoal próxima de
US$ 60 bilhões, e a Microsoft vende basicamente "organização de palavras".

Por que esse nome pretensioso? Bem, primeiro, a culpa não é minha se ninguém a formulou antes, quero dizer, uma denominação de impacto tão grande certamente tem o seu objeto. Um nome desses não pode ficar sem a respectiva teoria. Mas só o tom dessa afirmação é brincadeira. Isto é sensibilidade lingüística, resultante dos estudos demorados na área. Se tem fumaça, o fogo está por perto, e isto não dispensa a busca do objeto teórico e o trabalho necessário para sua materialização. Deveria haver uma teoria geral das forças produtivas, por que não há? Esta era a questão. Havia uma Ciência, a Economia, de referenciais metodológicos amplos e abrangentes, mas um instrumento objetivo desvendando todo o ciclo produtivo das riquezas, não, porque faltavam “trechos” do seqüenciamento, em analogia com o estudo do DNA. E quem fosse propor tal formulação teórica deveria apresentar os trechos faltantes desse processo, os elos capazes de reunir todos os aspectos da produção, e isto acaba levando à ampliação desse campo produtivo, como explicado no final do artigo. É o procedimento adotado nestas proposições: a presença dialógica responde pela consolidação das teorias econômicas em uma Teoria Geral das Forças Produtivas, e isto leva a Economia a ampliar seu campo para noções também mais gerais de riqueza e de trabalho, começando pela incorporação da fala (do discurso) nessas duas escalas, de riqueza e de trabalho. Em si esses fatos não seriam novidade. Milhares de cidadãos no mundo inteiro ganham fortunas “falando”, e são pagos por seu discurso, às vezes por sua simples locução (fase mais superficial do discurso, a expressão do discurso), como apresentadores da mídia; também é consensual o fato de que milhares de textos são tidos como alta expressão das riquezas humanas, na Arte e na Ciência. Há então um conhecimento prévio, um saber, mas faltava a sua sistematização.


A questão da apreciação econômica do discurso é que muda a compreensão dos atos produtivos, como eram vistos pelas lentes da Economia. Os atos reconhecidos como produtores da riqueza formal da sociedade são aqueles validados pelo valor de troca, por estarem diretamente ou indiretamente envolvidos com o trabalho profissional, gerando excedentes de produção de mercadorias, podendo depois ser negociados e adquirindo vários índices de valor, que podem ser desde o seu preço na revenda, seu custo na fábrica, ou o valor das ações da companhia. Mas como valorizar palavras? Ou pelo menos, de que forma poderiam ser avaliadas objetivamente, na composição de um valor produtivo? Quanto do PIB de um país se deveria ao processo dialógico que acompanhou toda a produção? Seria possível quantificar isso? Sim, é claro, desde que se compreenda que seriam métodos relativos, nunca absolutos. Por exemplo: alteram-se várias palavras-chave no ciclo de um produto; nas etapas de produção, nas áreas de projeto, de gerenciamento, de administração e de vendas. Como resultado da alteração dessas palavras-chave, o faturamento da empresa aumenta 50%, e a produtividade, 25% (desempenho técnico nas funções e não produtividade da fórmula genérica que se aplica). Poder-se-ia afirmar, neste caso, que a mudança de alguns códigos verbais, na programação discursiva da empresa, levou a um aumento expressivo da riqueza que foi gerada. Contudo, isto não é mágica, também não é técnica de RH ou de neurolingüística, mas apenas uma observação sistemática do diálogo e dos níveis de fala e de todo o processo discursivo circulante nesse “lugar”.


Então já é possível perceber que a fala é produção, é trabalho, transforma o mundo e transforma também as matérias-primas de uma função profissional. Também, que a qualidade discursiva altera sensivelmente a produção de uma sociedade ou de um empreendimento, e que poderiam ser comparados os resultados anteriores e posteriores de dois processos dialógicos distintos operando no mesmo ciclo produtivo, com produtividade e outros fatores ambientais sendo sensivelmente alterados. Mais uma coisa a se dizer, na Teoria Geral das Forças Produtivas, quando começam a se analisar também as redes dialógicas envolvidas, é que o plano produtivo se aprofunda, mas também se amplia, e as leis de causa e efeito tornam-se mais complexas de serem consideradas. A vantagem para o sistema produtivo é que todo o enfoque administrativo, de planejamento, execução e controle, passa a ter um conhecimento maior das culturas da empresa. Para a Economia, o ganho é que suas ferramentas para observar a cultura (a sociedade) aperfeiçoam-se bastante, e migram para o campo interdisciplinar, fronteira em que o conhecimento avançado se define. Deixa de haver o seccionamento em especialidades que mal se comunicam, ou o fazem de maneira tensa, por não haver muitos códigos comuns. Cessa também a verticalização excessiva. Há sem dúvida um grau maior de humanização das atividades econômicas, mas há também ganhos expressivos, nos graus de cooperação, de colaboração e de avanços técnicos.


O mais importante dessa proposição teórica, porém, é a relação de pertinência que ela estabelece com os novos modos de produção de cultura avançada e de alta tecnologia. A cultura passa a ser a própria riqueza, o valor primário. A sociedade em si e a formação de seus cidadãos e de suas instituições. A riqueza passa a ser civilizatória, como disse Anthony Giddens. A equação produtiva deixa de ser apenas a de produzir determinado objeto, ou a de dominar a tecnologia para essa produção, mas aplica-se a construir uma comunidade capaz de produzir conhecimento indefinidamente. A Economia passa a estudar em profundidade a sociedade que é capaz de manter determinada produção. E essa abrangência econômica só pode ser alcançada se ao pensamento sistêmico forem integrados os conhecimentos avançados da Linguagem.


Teoria Geral das Forças Produtivas 2

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