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domingo, 2 de março de 2008

Aquecimento ou Glaciação: o clima na Terra está mesmo mudando, ou é só alarmismo?

Já faz um tempinho que não escrevo sobre o meio ambiente. Embora se fale de um único "clima" na Terra - as mudanças climáticas globais e o aquecimento global, há na verdade um imenso conjunto interdependente de vários climas regionais, microrregionais e locais. No caso dos estudos atuais, faz-se habitualmente referência à queima de carbono, às condições de reabsorção de carbono e ao efeito estufa, o quadro global do clima. De fato, está incorreto considerar isoladamente apenas esse fenômeno. Também seria impróprio alguém dizer que sabe exatamente o que está acontecendo, o que ainda irá ocorrer, quando, onde e com qual intensidade. Mas também está errado, e seria ainda muito imprudente dizer que não estão em curso quaisquer mudanças climáticas - usando para isso o argumento de que as informações não são precisas -, que a atividade humana não é responsável por parte dos impactos ambientais sensíveis nos dias atuais, e que afirmar isso seria exagero ou chantagem ecológica. Isto seria desinformar os leitores e o público, sobre um assunto fundamental para a vida, e vale para jornalistas e cientistas, respectivamente.


A questão não é essa. O impacto ambiental da civilização é um fato óbvio por si mesmo, não precisa de comprovação, só de estudo. Uma pequena ilustração "microcósmica" e matemática dá uma boa idéia disso: se numa casa ou em um sítio uma árvore de bom tamanho é derrubada, o que ocorre nesse espaço pontual e desprezível, do ponto de vista global? a radiação solar passa a incidir diretamente sobre o solo e não mais sobre a folhagem das árvores, que usariam parte dessa energia para a fotossíntese. O Sol passaria então a aquecer diretamente o solo. Além disso, sob a árvore não haveria mais sombra, e não se poderia mais aproveitar esses microespaço em que o chão e o ar sob a árvore estão bem mais frescos. Embora seja insignificante para as condições climáticas, esta pequena mudança não é desprezível para quem mora no sítio ou na casa, nem para outros animais que usam a árvore ou também descansam à sombra. Segunda micro-mudança, o ciclo hidrológico também é alterado, nesse ponto. A água corre com maior velocidade "para o mar", pois não será mais retida nem pela árvore, nem pelas suas raízes, e isto causa uma terceira mudança, a do solo, que perde parte de sua resistência e se torna mais vulnerável à erosão. Nesse ponto desprezível para o clima regional e global, ainda se alteram as reações químicas e as mecânicas de composição desse solo, e as condições de umidade em torno de onde havia essa árvore. Além disso, o crescimento da árvore seria capaz de filtrar parte das emissões de carbono na atmosfera, e deixa de ter essa função de absorver o impacto da civilização.


Ao mesmo tempo, em outro ponto, vejamos uma cidade média brasileira: aumenta o número de carros, de indústrias, de esgoto, de criação de animais na área rural, de captação de água pelos sistemas urbanos e agropecuários, o uso de defensivos e fertilizantes nas plantações, o despejo de resíduos, dejetos e rejeitos nas águas dos rios, e aumenta o desmatamento em todo o município. Aquele único ponto de uma só árvore derrubada aqui já se transforma em milhares, em milhões de pontos. Agora já não é mais um fato estatisticamente desprezível. As emissões de carbono se multiplicam e as condições da atmosfera começam a mudar. Não importa se há um ciclo natural devido ao movimento dos oceanos, às manchas solares, ou outras causas, pois então isto não anula o impacto humano, mas se soma a ele!


Retomando o primeiro exemplo, se áreas muito grandes fossem desmatadas, o que ocorreria? O clima de uma microrregião inteira mudaria, ou de toda a região, e isto já afeta todos os outros climas, pois são todos interdependentes. Isso alteraria a temperatura ambiente, independente em parte até do carbono, seria uma questão local: cortaram as árvores, fica mais quente, não tem mais sombra, nem absorção da luz solar pela vegetação. O carbono já seria um fator mais grave e geral a ser adicionado. Mas, além da temperatura, muda o comportamento da água, o regime das chuvas, e esses pequenos fatores vão se intensificando e acabam alterando as médias de variação térmica, sem contar as outras alterações em curso nos solos. A isso ainda se associam a poluição do ar e da água, os problemas de erosão e lixiviação, o assoreamento dos rios e o avanço da desertificação - que ocorre em vários pontos no mundo, no final alterando as condições das estações climáticas durante o ano, ainda que levemente, mas as medições indicam um agravamento de todos esses distúrbios.


Como resultado final de tudo isso estão as mudanças climáticas globais. Pode ser até que haja fatores naturais atuando, mas certamente a ação humana é um componente considerável e decisivo, na perda de equilíbrio dos fenômenos naturais. Achar que tudo que o homem faz hoje na Terra não tem conseqüências é que seria um raciocínio estranho e incorreto, a palavra já diz, são sistemas climáticos, sujeitos a influências sistemáticas, e o homem tem sido sistematicamente agressor do meio ambiente que sustenta a sua vida.


Até que ponto essas mudanças são toleráveis é o que se estuda, mas não se há mudança ou não há, isto já é consenso, é causa e efeito, ação e reação da natureza. O alarmismo não está exatamente voltado para a intensidade das mudanças, mas para a continuidade das agressões ambientais, esse é o problema, e é preciso ser alarmista, soar o alarme, ninguém mais fará isso, a não ser quando começarem a acontecer mais catástrofes naturais. Aí já será muito tarde. Além das epidemias e enchentes, entre outros fenômenos, a produção de alimentos seria muito afetada. Há hoje pelo menos três indicativos consistentes do aquecimento global: o derretimento "acelerado" das geleiras, os registros térmicos quebrando recordes, desde que começaram as medições, e o buraco de ozônio na atmosfera.


Quanto à Terra poder oscilar entre aquecimento e glaciação, isto é verdade, pode sim, no final, em vez de prevalecer o aquecimento, ocorrer uma nova era glacial, mas não se pode deixar de dizer que a glaciação também seria conseqüência do aquecimento! É o aquecimento global o "motor de arranque" da glaciação, pela baixa da temperatura oceânica resultante da água das geleiras. Isto poderemos explicar outro dia. Outro problema gravíssimo seria a alteração das correntes oceânicas e a proliferação de algas nocivas às outras espécies no oceano, onde se produz quase todo o oxigênio (mais de 90%) que respiramos. A cultura ambiental já mudou muito nos últimos 20 anos. Imaginem se a humanidade continuasse a devastar e poluir como antes, nos níveis de produção atuais! Tem impactos sim, e são muito grandes. É preciso que todos tenham consciência disso e participem do debate social a esse respeito.



Aquecimento Global 2

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