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Citação de Bakhtin::

A VIDA COMEÇA QUANDO UMA FALA ENCONTRA A OUTRA

 

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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

A Teoria Geral das Forças Produtivas 1 - Uma nova teoria está nascendo neste blog

FOTO DA BOLSA DE VALORES DE NOVA YORK

O fato gerador dessa formulação teórica de nome tão grandioso é uma elaboração deveras simples: a fala humana é fator produtivo fundamental e deve ser incorporada às teorias produtivas. A fala, nesta rede argumentativa, passa a ser vista também como trabalho, como atividade de produção de riquezas, e o que permite essa fusão teórica com o estudo econômico consagrado é a sistematização dos estudos lingüísticos (códigos lingüísticos) e discursivos (a linguagem em circulação) em um nível metodológico formalizado capaz de tomar parte na organização dos sistemas anteriormente validados pelas pesquisas científicas. Várias são as contribuições da linguagem sistemática nas atividades científicas, desde a linguagem de softwares, as linguagens digitais em formatos de circulação pelos computadores da era globalizada, na formulação dos discursos e argumentos multidisciplinares, na elaboração das áreas interdisciplinares, no avanço dos estudos semióticos e nas novas áreas de investigação da Lingüística, nos reflexos desses novos usos e compreensões da linguagem nos ambientes produtivos, em planos de administração corporativa e nos processos produtivos especificamente, sua importância nas novas gestões do conhecimento, que vem desde os CCQ’s e os programas de qualidade, também está presente nos protocolos de certificação e nos diálogos dirigidos das gestões de RH, atua também nas fases de concepção e criação de projetos, em todo os sistemas de comunicação que atravessam qualquer ato produtivo em qualquer posição geográfica, de uma dada sociedade, e em inúmeros outros casos a serem reconhecidos.


Já se comentou nos esboços da História da Fala os aspectos materiais de produção e transmissão das palavras, e seus efeitos. Não existe uma separação entre os momentos de produção da fala, quer dizer, do diálogo interior e exterior, e os atos tradicionalmente já reconhecidos como atos de produção, parte das formas de divisão do trabalho de uma linha produtiva qualquer. Havia antes um “silêncio teórico”. Não havia o que dizer a respeito, por não se conhecerem exatamente os processos de produção dialógica. Nas últimas décadas esses estudos avançaram muito, e reivindicam junto à comunidade científica-acadêmica, novos espaços, novas participações. E esta, sem dúvida, é uma delas, uma das mais importantes e fundamentais. A participação da atividade dialógica na produção de riquezas da sociedade humana.


Quando comecei a estudar este fato, e isto foi antes de começar a estudar as disciplinas mais recentes da Linguagem, no curso normal de Letras, percebi que “algo” ainda estava de fora das teorias produtivas. Já havia antes procurado sistematizar o processo de compreensão da realidade, de análise dos fatos que acontecem, através de uma tal “rede dialética”, que submeti na época a várias pessoas. Logicamente, ninguém entendeu ou aceitou aquelas formulações, baseadas num conceito um tanto pueril, mas correto, de que o materialismo dialético e a dialética idealista também estavam em confronto dialético, e que esse confronto aumentava pelo menos mais uma dimensão à realidade, e fazia nascer uma tal “dialética complexa”. Nesse mesmo tempo – isto começou nos anos de 1989 a 1991, depois interrompi o estudo, e recomecei em 1995, aí, não parei mais, mas, por volta de 95 encontrei respaldo para minhas idéias numa breve referência de Ítalo Calvino, nas suas “Conferências de Harvard”, publicadas como “Seis Propostas para o Próximo Milênio”, quando ele falou rapidamente sobre a “rede dos possíveis”. Depois conheci as idéias de Bakhtin, de quem nunca tinha ouvido falar, até então, e a identificação foi imediata e completa, com as minhas antigas elucubrações. Só que desta vez encontrei um pensamento sistematizado e aplicado, reconhecido pela comunidade acadêmica. E agora posso fundamentar melhor as conseqüências de todo o conjunto de formulações que tinha feito antes.


Logicamente será preciso avançar bastante essas discussões, para entender melhor o como e o quanto a elaboração das palavras influencia todo e cada um dos processos de divisão do trabalho e produção de riquezas, em todos os pontos de seus ciclos. Mas será possível explicar por uma análise validada das pesquisas as formas de concepção e valoração de objetos, tarefas, padrões e produtos, entre tantas outras coisas, a partir não só do trabalho já reconhecido pela economia, mas também através das redes dialógicas, em que todo o material da consciência humana é formado e todas as suas relações concretas com o mundo são fincadas, na significação semiótico-ideológica do discurso e em sua circulação ubíqua em todas as etapas da transformação do mundo pelo trabalho. Já não é mais apenas uma questão de “reflexão” ou de construção “do ser”, a parte destinada às palavras, mas estas reivindicam agora participação efetiva na manufatura de um carro ou de um avião, na construção de um prédio ou de um computador, nos projetos da engenharia genética ou da nanotecnologia. Essa base multidisciplinar e interdisciplinar formal e sistemática sustentada pelos novos conhecimentos da Linguagem é que permitem propor um referencial teórico como este indicado no título do artigo, a Teoria Geral das Forças Produtivas.


Quando Adam Smith, em Riqueza das Nações, começa pela análise da Divisão do Trabalho, ele em seguida a apóia em um fenômeno natural da existência humana, a necessidade das pessoas efetuarem trocas de valor de várias maneiras, através de objetos e dos significados simbólicos que dão a eles, seja pela utilidade, pela necessidade ou por outra categoria de apreciação. Bem, a linguagem nasce da mesma forma. Ela é uma economia de interação verbal, a categoria primordial de construção do ser humano, e através dela o indivíduo se torna sujeito, adquire uma identidade e forma sua consciência. É o material semiótico-ideológico a matéria-prima da consciência humana, e ela nasce da fala, de fora para dentro, do coletivo para o individual, efetuando trocas simbólicas e concretas, negociando posicionamentos, movendo-se no universo humano e construindo seu diálogo interior e sua trajetória, através da significação e da apreciação com que se depara no mundo dos homens, e a partir daí todas as coisas passam a ter seu nome. Todo esse trabalho depois irá migrar para os campos da produção formal de riquezas.


Bem-vindos!

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