UMA NOVA CULTURA: As novas cidades precisam ser feitas "antes de serem construídas", pois nas simulações e projeções há técnicas disponíveis para administrar todas as suas necessidades sem invadir o espaço natural, a não ser de modo preparado e pensado. Isto fará com que o valor agregado da produção urbana nessas unidades seja muitas vezes superior ao das "cidades espontâneas", mas isto significa apenas que a espontaneidade se espraia sobre terrenos disponíveis muito mais bem preparados.
Para ilustrar melhor o conceito lançado no texto anterior, citemos algumas ações urbanas novas, que estabeleçam relações efetivamente sustentáveis entre a civilização e a Amazônia.
Primeiro, o que existe hoje, um enorme distanciamento dos centros de apreciação do sistema globalizado, isto é as cotações dos produtos amazônicos estão em metrópoles de além-mar; além disso, os centros produtivos e os mercados principais também estão lá. É por essa razão que se estabelece essa polaridade dos "interesses estrangeiros" sobre a região amazônica, e tem em resposta uma atitude algo ingênua, protecionista e nacionalista, cujo resultado é o pior possível, ou seja, a virtual exclusão regional de qualquer política pública ou privada que saiba conviver com as condições dessa imensa floresta - sem esquecer que a floresta é apenas o reflexo interativo (reciprocidade ou mutualismo) de outro sistema básico: as imensas bacias hidrográficas que a compõem
Mas, se os espaços urbanos contíguos às reservas naturais passam a abrigar sistemas de alto teor apreciativo, então a situação anterior começa a ser superada por outra mais desenvolvida. Por exemplo, uma rede de artesanato de móveis vinculada a escolas de ofício e ao turismo dessa nova indústria, seguindo os mesmos princípios de instalação massiva de mecanismos de absorção de impacto. Mas percebam que, se um conjunto de sala feito por mestres recohecidos internacionalmente passam a valer muito mais do que um feixe de toras de árvores seculares, de madeiras nobres, então a polaridade de exploração se reinverte, da floresta para a cidade, e a floresta passa a valer mais em pé, de fato, no calor do mercado competitivo internacional. Para isso, contudo, o plano deve ser executado integralmente, a começar pelo projeto urbano que foi cumprido. Outras variáveis teriam comportamento análogo, se nas cidades de alta tecnologia, nessas fronteiras, apresentassem oportunidades de negócios muito mais atrativas, por diversos fatores, todos eles pensados a partir da estrutura urbana, a começar pelas formas educacionais e formações profissionais diversas.
Outras experienciais "interespaciais" podem alcançar êxito semelhante, nesse espaço urbano. Ele tanto é um espaço civilizatório quanto florestal, então, haverá sítios urbanos ocupados por uma espécie de convivência, de divulgação, de turismo ou de preservação indígena. Como seria o caso de uma pequena universidade indígena, em que o turismo cultural permitiria criar um intercâmbio intenso e sistemático com os povos da floresta, com suas culturas, de modo sistemático e controlado, dentro do espaço urbano. Certamente isto dependeria de um diálogo complicado entre antropólogos, sociólogos, órgãos governamentais e outras instituições. Seria quase um parque temático, mas permitiria um contato adequado entre essas culturas, a ser acompanhado e reavaliado.
Essencial às cidades do futuro seria o sistema hídrico instalado. Mesmo na Amazônia, onde há tanta água, essa medida seria o recomeço de tudo, já que a civilização contemporânea sedentarizada começou, milênios atrás, pelo domínio da água. Nos "capítulos" seguintes iremos comentando as alternativas viáveis para esses novos sistemas hídricos, artificiais e totalmente isolados dos ciclos hidrológicos naturais, sem contudo eliminar estações de intercâmbio e de integração ao ciclo natural, obviamente.
Projeto Cidades do Futuro 8
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