Blog Josias/ Blog Luís Nassif
A viagem de Lula à Guatemala e a Cuba tem alguns significados, e todos eles têm importância no atual jogo de globalização. O cenário latino-americano de hoje ainda está inserido na política americana, faz parte do bloco das Américas, mas isto está mudando.
Hoje se vêem quadros diferentes no Chile e na Venezuela, complicações na Colômbia, na Bolívia e no Equador, certa estabilidade nivelada por baixo na América Central, e o México em posição intermediária, mas vizinho da superpotência mundial, traduzindo, em posição desvantajosa para liderar a América Latina. Os principais vetores se tornam então Chavez, os EUA e Lula. Chavez vem ocupar o espaço deixado pelo declínio físico de Castro. Quem esperava uma sucessão em Cuba está surpreso em ver um sucessor venezuelano, mesmo com todas as diferenças pessoais e históricas.
A movimentação de Lula pela América Latina é continuidade do esforço inicial de seu projeto diplomático inicial, o de projetar o Brasil no mundo. Na primeira fase, quase totalmente bem sucedida, o Brasil se tornou liderança mundial, pólo estratégico e potência emergente, mas não conseguiu o assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, porém, foi ator importante na preservação de políticas multilaterais para a comunidade internacional.
Lula, Chavez e Bush jogam um jogo muito sutil de alianças e confrontações. Não se poderia dizer que um é totalmente inimigo, nem que é totalmente amigo do outro. Chavez precisa dos americanos, e vice-versa, os americanos precisam da estabildiade venezuelana, mas repudiam o avanço autoritário e esquerdista de Chavez. Lula é amigo de Chavez, mas Brasil e Venezuela têm visões diferentes sobre a realidade interna e externa de seus países, e atuam de modo diverso no cenário continental. O fato é que Lula não pode mais sair de campo no meio do jogo. Se fizer isso, a América Latina se esfacela novamente, com altíssimo risco de surgirem focos instáveis pela região, a serem apaziguados pela mesma tábula rasa que os americanos aplicam nesses casos, ou a situação se complica, com o avanço do chavismo e de outros "ismos".
Mas se Lula souber costurar um bloco regional na América Latina, então terá outro trunfo em suas gestões, mais um "nunca antes...", desta vez, aplicando-se a toda América "não gringa". E isto de modo algum prejudicaria os americanos.
posts de 15.01 - coment. Josias 2; Nassif 3
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