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Citação de Bakhtin::

A VIDA COMEÇA QUANDO UMA FALA ENCONTRA A OUTRA

 

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terça-feira, 15 de janeiro de 2008

O Atlas Nordeste

O SERTÃO, A ÁGUA, A ECONOMIA, A POPULAÇÃO, O ESTADO, O BISPO...

Blog do Nassif

A transposição de águas do Rio São Francisco é um debate que precisa ser ampliado no Brasil. Falta uma participação maior das lideranças nordestinas de todas as cores ideológicas no assunto, e uma atitude mais flexível e mais aberta por parte do governo. Novamente, se tempos atrás foi preciso "desideologizar" os temas, hoje é preciso "despolitizar" pelo menos parte de algumas questões.

Luís Nassif vem conduzindo um debate altamente responsável sobre o tema, acompanhando atentamente as declarações dos principais interlocutores, procurando expor os vários lados das argumentações, escutando a voz de seus comentaristas, ponderando e recolocando posts.

Acredito que ainda estejam subestimando a importância vital deste tema, não obstante a intensa repercussão da cobertura de imprensa. Este é um projeto que desenha todo o caráter da história e da cidadania brasileira, das ações de Estado, da política e das condições de vida da população brasileira, sobretudo dos mais necessitados. A obra em si não é tão grandiosa. Obras hídricas muito maiores de todos os gêneros derramam-se pelo mundo. Na Europa é possível entrar na França e sair na Holanda, navegando por canais e rios. Na Rússia é possível cruzar o país pelas vias fluviais integradas por canais. Na Holanda, os polders drenaram o oceano. Na fronteira canadense-americana, Um navio é erguido por um sistema de eclusas e pode navegar até o meio do continente, desde o Atlântico até os Grandes Lagos. E o que dizer de Suez ou do Panamá? E das agriculturas irrigadas, em Israel, na Califórnia? E a obra de Itaipu?

Isto demonstra que a engenharia não é o problema, nem as finanças, mas a forma como se confrontam as forças políticas no Brasil, somada à multiplicação de diálogos improdutivos, isto é, que perdem objetividade por misturarem uma quantidade enorme de outros assuntos, criando uma "intertextualidade" inadequada. No fim, isto acaba sempre paralisando e limitando o próprio país.

A civilização começou exatamente pela mesma obra, esta é a história da humanidade. O Estado nasceu da organização de grandes obras de irrigação na Mesopotâmia e no Egito. E estamos de volta ao mesmo ponto, milhares de anos mais tarde. Esta não é uma obra impossível, o sertão nordestino precisa urgentemente de políticas públicas, para não se tornar foco de desertificação em alguns anos, mas, a condução desse tema é bem mais trabalhosa do que a forma feita até agora.

Não é assunto para um governo, é um programa para se concluir em 10, 15, 20 anos, daí não haver o menor sentido de divisão política. Esta não pode ser a realização de um único governo, nem de uma única corrente política. A obra completa simplesmente não será realizada, se não houver o compromisso e a disposição de todos os partidos políticos e lideranças regionais. A "obra", então, não é simplesmente a construção do canal. Como prevê o Atlas Nordeste, é preciso construir múltiplas alternativas, e há outros fatores a serem considerados, além do aproveitamento sumário das condições prévias e da simples transposição. E há de se pensar nos impactos sociais e econômicos desse projeto. Este é um projeto que não pode dividir o Brasil, mas unir. O São Francisco não é o rio da Integração Nacional?

Este parece o roteiro de uma história épica da identidade brasileira, como se Homero estivesse escrevendo a própria Ilíada, e os brasileiros precisam ter plena consciência disso.

post 15.01, coment. 2 - Nassif

Um comentário:

Renan disse...

Como obra a ser realizada por um governo, presidido por um nordestino conhecedor dos males da indústria da seca, grande causa do coronelismo ainda vigente no Sertão, deve ser levada adiante como direito fundamental, em respeito à dignidade humana.

Não me surpreende ser o PFL e o PSDB serem contra a transposição, haja vista o grande número de coróneis nestes partidos.

 RECADOS     

PARA OS AMIGOS, ANJOS DA GUARDA E LEITORES DO BLOG: 

21/10/08, 18:18 - AINDA PREPARANDO O CAPÍTULO 3 DE HISTÓRIA DA FALA

                        - RELENDO  Bakhtin, e as "NOVAS CONFERÊNCIAS INTRODUTÓRIAS", de Sigmund Freud

                        - PRIMEIRO ARTIGO DA SÉRIE SOBRE SEXUALIDADE FOI PUBLICADO !

                        - PREPARANDO 2º ARTIGO SOBRE SEXUALIDADE: 

A ESTÉTICA DA NOVA PORNOGRAFIA (texto não restritivo) - A questão estética da pornografia é uma "não-estética", uma anti-estética, mas há um projeto para isso, e uma função ideológica implícita, quer dizer, romper com a estética faz parte de um conjunto complexo de relações sociais.