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domingo, 3 de fevereiro de 2008

Cidades do Futuro 7 – A proposta dos interespaços

Veneza e o mar: a cidade que difundiu o Carnaval para o mundo

Em que sentidos Veneza pode ser considerada uma cidade do futuro, pelo menos em seu tempo? A História da Fala irá estudar a sociologia da carnavalização, para saber de que modo uma metrópole problemática atual, como o Rio de Janeiro, poderia se beneficiar mais e melhor de sua cultura popular.


Cidades do Futuro são sobretudo cidades do conhecimento e do saber, portanto o espaço deixa de ser simples, quando tem significação única e perspectiva restrita, e passa a ser intertextual, passa a ser um espaço interdisciplinar, um “interespaço”. Senão, não poderiam ser cidades da complexidade e da diversidade em harmonia.


As cidades de cultura avançada, que se podem denominar igualmente de cidades de alta tecnologia – desde que estejam incluídas as tecnologias urbanas, devem ser traçadas pelas formas de acesso ao trabalho.

O cidadão ao começar o dia deve ter diante de si um quadro de perspectivas profissionais inacabável, desde que tenha sido educado para conviver com esse ambiente produtivo. Pode ficar em casa e dentro de casa haverá terminais diversos de serviços, de projetos informatizados, de manipulação de softwares, de produções e edições diversas, de funções ou tarefas que ainda nem conhecemos, incluindo prestar serviços particulares, para empresas ou para a comunidade – pode ser funcionário público durante algumas horas, por tempo determinado. Ou tem diante de si a possibilidade de deslocamento, na mesma praça ou em outra localidade. Se quer trabalhar na praia, no campo, numa centro metropolitano, juntamente com outros milhões de cidadãos, todas essas opções ele tem diante de si, certamente reguladas por um sistema complexo de compromissos ao qual ele foi sendo integrado no decorrer dos anos. Além disso, pode-se tratar de um empresário, de um investidor, de um fazendeiro, de um marinheiro, de uma autoridade, de um político, de um esportista, de um artista, as alternativas não se fecham, mas se abrem. Ou pode entrar em férias e viajar por alguns dias.

Cada espaço urbano organiza em torno de si, além das opções comuns, suas particularidades. Uma cidadezinha “do futuro” à beira da floresta amazônica, por exemplo, terá um rol de tarefas e de protocolos diferentes de uma cidadezinha do interior paulista. Mas essas diferenças não serão as mesmas de hoje, nem terão as mesmas causas e significados. A única maneira de preservar grandes áreas da Amazônia é delimitar suas fronteiras urbanas e desenvolver as relações de processamento produtivo de materiais florestais, agregando altos valores econômicos, isto é, quanto mais perto do produto final estiver a floresta, maior será o teor de conservação ambiental. Parece contraditório? Mas não é. Esses planos urbanos deverão ter instalado um sistema de filtragem e absorção de impactos ambientais como nunca se viu antes na civilização. Deverão ser o oposto do que foi Cubatão, certa época, mas deverão ir muito além do que já se foi, levando-se em conta o nível de conhecimento infinitamente superior que se tem hoje, e a capacidade de trabalho em equipes multidisciplinares que antes não havia. Não podemos deixar os engenheiros trabalharem sozinhos, nem os arquitetos, nem os políticos, nem os empresários, mas compor equipes complexas, e desenvolver planos de trabalho e projetos avançados, como este debate se habilita a ser informalmente uma preliminar dessas discussões, mas caminhar para essas realizações.

Uma indústria química ou laboratório não deverá esconder que seus produtos são coletados na floresta, se for esse o caso, mas deverá escancarar totalmente isto. Se possível, fazer instalações de vidro transparente, para que todos vejam as matérias-primas chegando, sendo armazenadas, beneficiadas e transformadas. Uma mineradora de diamantes ou de ouro, ou de qualquer minério, deverá fazer a mesma coisa, sem qualquer constrangimento. O ambiente produtivo e as relações produtivas, entretanto, serão totalmente diferentes das atuais. No relacionamento com os indígenas, na preservação da fauna e da flora, na linha de produtos que deve desenvolver para realizar tal planta produtiva, e mesmo assim terá uma lucratividade enorme e única, pois a floresta lhe dá essas condições, desde que o projeto empresarial se prepare para isto. Então se trata de uma economia totalmente nova, sempre amparada pelo conhecimento de altíssimo nível, para que seja realmente sustentável e possa abrir para si mesma um horizonte de exploração econômica de pelo menos mais 1 ou 2 séculos. Depois disso, provavelmente irá mudar tudo de novo.

Exemplos análogos a esses deverão povoar a cidade amazônica do futuro, criando um espaço urbano que tanto explora a amazônia quanto a preserva e, além disso, cria algo novo, um “interespaço”, eis aí um conceito arquitetônico novo para as cidades do futuro. Nesse interespaço um novo ambiente surgirá, que não será de modo algum a devastação ou a poluição, mas a melhoria, o desenvolvimento das condições naturais-culturais, fazendo uma transição ou uma parceria esteticamente, fisicamente e conceitualmente produtiva e benéfica, tanto para a floresta quanto para a cidade.

Este projeto adota a noção de que lugares fronteiriços, limites da civilização, são espaços privilegiados para se trazer para o hoje a sensibilidade do amanhã. Assim, numa estação espacial, numa hipotética base lunar, numa base de estudos da Antártida, na luta da Holanda com o mar ou na fronteira amazônica, existem certas variáveis e certas condições que podem ser estudadas em benefício de todos. Espero que compreendam o que digo. Nesses lugares não se podem cometer tantos erros, quanto na espontaneidade relativa que reinou até agora. Depois fica mais fácil expandir os conceitos, e criar novos, para cuidar das regiões mais “próximas”, sem contudo deixar de considerá-las o tempo todo.


E aí, gostaram? É só o comecinho...



Projeto Cidades do Futuro 7

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