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Citação de Bakhtin::

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domingo, 10 de fevereiro de 2008

A Constituição Brasileira faz 20 anos em 2008

NAVEGAR É PRECISO: Este é o momento de refletir e quem sabe reavivar os espíritos da democracia, para a grande jornada cívica e decisiva que começa agora e vai até 2010. Fôlego para 3 anos em águas turbulentas.


Quando começou o movimento de redemocratização do Brasil, e podemos demarcar o início dessa história nas greves do ABC em 78 e 79, por pura convenção, já que a relatividade é ampla, muitos dos que hoje são políticos não gostavam de política, não se interessavam por ela, faziam parte do enorme contingente da “maioria silenciosa”, o bloco majoritário da sociedade brasileira que reunia um pouco de prudência e umas pitadas de alienação, para se defender dos exageros do regime militar e tentar “ganhar a vida”, isto é, levar uma vida familiar “normal”. Coisa que não é tão simples, já expôs Nelson Rodrigues, no caos da nova cultura urbana brasileira, atravessada por um sem número de influências e de entrecruzamentos de valores, costumes, tradições e rebeldias. Muitos eram comodistas mesmo.


Os ativistas desse período traziam alguns traços comuns, não unânimes: eram em geral de esquerda, mas de uma nova esquerda que depois engrossou as fileiras do PT, gostavam dos circuitos “cult”, dos restinhos de cultura popular ou brasileira ainda não pasteurizadas pelo avanço da mídia, e tinham uma tendência para a vida privada “alternativa”, não raro problemática. A vida pessoal de muitos desses militantes desmoronou. Perderam relacionamentos amorosos, familiares e profissionais, tiveram de constituir pequenas comunidades “de campanha”, enquanto a luta política avançava. E havia um enorme idealismo, enorme, contendo várias diferenças pessoais, conflitos internos, diferenças sociais entre pessoas de origens e experiências totalmente diversas, provenientes de lugares e regiões distintos, quase uma Babel reunida, pelo interesse da redemocratização. Havia os “conchavados”, que hoje no PT chamam de “tendências”, organizações políticas mais antigas, como os Partidos Comunistas, o MR-8, a Convergência Socialista, a Libelu, e havia simples cidadãos, trabalhadores, intelectuais, estudantes e artistas, entre outros, tomados pelo sentimento cívico. Aos poucos, a sociedade civil juntou-se ao coro, especialmente depois de Ulysses Guimarães assumir a batuta, e a partir daí conhecemos a história do movimento Diretas-Já, culminando com a eleição de Tancredo Neves e a Nova República, tendo como reflexo direto o restabelecimento das eleições para a Presidência da República, em 1989. Parece brincadeira, mas quase todos esses episódios têm mais de 20 anos!


Quando se vê hoje o que ocorre no Brasil, na cena política, o sentimento é mesmo de espanto e perplexidade, este lugar neocomum que os conservadores adotaram como lema, para criticar os mandatos da liderança popular. Mas não estou falando do Lula, nem do governo Lula, estou falando daqueles milhões de cidadãos que conseguiram resgatar a história do país, de um período de exceção que, por sua vez, também tinha sido implantado num momento de enorme confusão e incerteza. Mas hoje falamos da redemocratização. Muitas dessas pessoas se projetaram na política, iniciaram carreiras brilhantes, tornaram-se líderes importantes, mas, os princípios que os forjaram, a história que deu a eles representatividade e a imagem de semi-heróis, isto parece ter sido esquecido. Toda aquela dedicação sincera ao país e à civilização, parece uma plataforma distanciada de projetos e propostas, agora. Tudo pelo que lutaram, tudo pelo que lutamos, milhões de brasileiros, sem constituir inimigos, mas adversários, reconstruindo o país, parece estar sendo perdido. Pois nem a lei brasileira, nem a nova Constituição, feita literalmente sob os olhares atentos da Nação, parece merecer mais grande respeito, se não for conveniente aos interesses mais imediatos. Mais pragmáticos e, portanto, mais “prioritários”, mas manter isto seria inverter os valores.


Hoje muitos deles estão à frente das grandes forças políticas, que se digladiam num espetáculo assombroso de “esquecimento” da coletividade, como se estivessem dispostos a passar por cima dos limites mais básicos da democracia, dos direitos mais básicos dos cidadãos. Mas, em nome de quê? Em nome de que a política brasileira estaria decidida a “descer a ladeira” dos níveis de jogo da democracia, que se espera sejam muito superiores a qualquer regime autoritário ou totalitário? Será por algo que vale a pena, no final das contas? Porque tudo pelo que lutamos, simplesmente tudo, poderá ter sido em vão, se as autoridades do nosso país, se a classe política, se dirigentes e lideranças, não mantiverem vivos em sua memória os elementos básicos que fazem um país, que mantêm unida uma Nação. A Constituição brasileira, a nova Constituição, da jovem democracia brasileira, está fazendo 20 anos em 2008, e eu os pergunto, em nome de todos os que lutaram e se sacrificaram naqueles anos, incluindo os senhores, se toda aquela luta valeu a pena. Se a democracia brasileira é pra valer. Se esta é uma nação que merece e precisa ser respeitada, e se vale a pena ser um cidadão brasileiro e viver neste país. Porque se o Brasil merece respeito, então o primeiro compromisso é com a Constituição, e o primeiro compromisso desta é para com a Cidadania! Para com as famílias brasileiras.


De minha parte, só há uma coisa a dizer:


Viva o Brasil! Vivam os brasileiros!


Pequenas Crônicas 5

Um comentário:

lu dias bh disse...

Horácio,

maravilha de blog com excelentes postagens.
Que trabalhos como este se multipliquem por todo o país.

Um grande abraço,

lu dias

 RECADOS     

PARA OS AMIGOS, ANJOS DA GUARDA E LEITORES DO BLOG: 

21/10/08, 18:18 - AINDA PREPARANDO O CAPÍTULO 3 DE HISTÓRIA DA FALA

                        - RELENDO  Bakhtin, e as "NOVAS CONFERÊNCIAS INTRODUTÓRIAS", de Sigmund Freud

                        - PRIMEIRO ARTIGO DA SÉRIE SOBRE SEXUALIDADE FOI PUBLICADO !

                        - PREPARANDO 2º ARTIGO SOBRE SEXUALIDADE: 

A ESTÉTICA DA NOVA PORNOGRAFIA (texto não restritivo) - A questão estética da pornografia é uma "não-estética", uma anti-estética, mas há um projeto para isso, e uma função ideológica implícita, quer dizer, romper com a estética faz parte de um conjunto complexo de relações sociais.