BLOG DE CIDADANIA - comentários sobre os principais blogs nacionais, pequenas análises e crônicas: Ciência, Cultura, Sociedade, Política, Economia, Religião e História. Divulgação Científica.


Citação de Bakhtin::

A VIDA COMEÇA QUANDO UMA FALA ENCONTRA A OUTRA

 

BLOG 

O LINK DOS BLOGS E PAGINAS MAIS CITADAS ESTÃO NA COLUNA AO LADO

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

A Teoria Geral das Forças Produtivas 8 – Mais alguns aspectos da subjetividade produtiva no século 21

Rua de Shanghai, a maior cidade da China


O diálogo terá um papel muito mais importante do que tem hoje na produção de riquezas. O núcleo das necessidades básicas sofrerá alterações sensíveis de prioridade. Será muito mais fácil manter um estoque suficiente de alimentos para as populações, e implantar sistemas de distribuição muito mais eficazes, tanto para as classes mais abastadas quanto para as mais necessitadas. A assistência social e os programas emergenciais vieram para ficar, como já estão avaliando os diversos organismos internacionais mais conceituados, a ONU, o Banco Mundial e os institutos econômicos da União Européia. Programas como o Bolsa Família serão adotados como modelo sustentável não somente do tecido social como do próprio sistema econômico, e isto quer dizer que mesmo as famílias cujos salários são muito baixos, terão acesso cada vez mais facilitado a redes solidárias de abastecimento e atendimentos diversos, como casa, comida, roupa, educação e formação profissional.


Todos os embriões desses programas já existem há décadas, mas o que está mudando é a percepção dos benefícios que essa rede pode trazer a todos os níveis da produção. A tecnologia e os modos de gestão facilitarão bastante a instalação dessa rede mundial de suporte e apoio às comunidades carentes, e também aos casos individuais que ocorrerem. Nos outros níveis sócio-econômicos, os problemas tendem a ser bem menores, e em toda a esfera social, incluindo todas as faixas de renda familiar, os produtos oferecidos serão abundantes, os preços tendem a decrescer muito nas próximas décadas, e esta é uma tendência que se manterá pela atuação dos fatores Índia e China, quase metade da humanidade, vivendo com pequenos gastos de consumo, com necessidades bem menores de salário, por questões estruturais de suas culturas, e com acesso garantido à educação. Notem que isto “tem de ser assim”. Não existiriam recursos naturais disponíveis no planeta, nem o ecossistema suportaria o impacto de China e Índia consumindo em níveis da América do Norte, da Europa Ocidental ou do Japão e Austrália, quer dizer, essa alternativa produtiva de baixo consumo de supérfluos e de relativo desprendimento do acúmulo financeiro é uma necessidade global. Uma equação complicada para culturas como a brasileira entenderem, mas é assim mesmo que a balança está pendendo.


A riqueza, contudo, será maior, por causa do avanço técnico e cultural. A consciência dos cidadãos, seu nível de formação e informação será muito maior que o atual. Quer dizer que a informação será riqueza, o diálogo será riqueza, e serão formas referenciais de riqueza por uma questão bem objetiva: são essas operações simbólicas que estabelecem os valores e significados culturais, que fazem a “apreciação” das coisas e das pessoas, e esse núcleo simbólico é que responderá pelo maior coeficiente dos “valores agregados” das redes produtivas. É algo muito próximo, não coincidente, com o que diz Domenico De Masi, nas suas idéias sobre o “ócio criativo”, especialmente quando ele discorre sobre uma nova era em que o cidadão terá de compreender a beleza de sua cultura (os valores de sua cultura), ao que equivale dizer, serão essas instâncias dialógicas em atividade permanente, 24 horas por dia, em dimensão planetária, que irão formulando os valores das coisas, influenciando os preços pela compreensão de todo o funcionamento do mundo, pela análise das necessidades reais, por diversas perspectivas da cultura sustentável, já que bilhões de pessoas estarão integradas a sistemas avançados de produção, em números crescentes, produzindo cada vez mais. Se não houvesse essa análise constante, esses novos jogos de mercado, esses novos conflitos distributivos, começando pelas concorrências internacionais e pelos salários de China e Índia, apenas os modos tradicionais de mercado, de análise de investimentos, de preço e de custos seriam incapazes de manter qualquer equilíbrio, e levariam toda a economia mundial a desastres muito maiores que os da Grande Depressão de 1929.


Comunidades com preparo produtivo muito mais alto deverão especular diariamente o quadro de oferta e demanda, e a escala de prioridades – como já fazem em tese as Bolsas que trabalham com cotações futuras. Serão sistemas muito mais sofisticados, de altíssima sensibilidade, que deverão regular a efetividade produtiva em todo o mundo.


Por isso não vejo que o mundo do futuro tenha essa utopia da “liberação do trabalho”, pelo uso das máquinas, e uma cultura em que as pessoas possam ficar viajando e se divertindo pelo mundo sem grandes preocupações, é nesse ponto que discordo um pouco de outras projeções “futuristas”, também porque essas projeções simplesmente "futuristas" não teriam grande valor no debate atual, então não haveria também muito sentido em se falar sobre elas. Tornam-se importantes se puderem influenciar as tarefas e os modos produtivos que operam hoje no mundo. Então não são gratuitamente “futuristas”, mas apenas reconhecem os novos modos de produção sendo gestados, nesta época de grandes transições culturais. As pessoas poderão viajar enquanto trabalham, certamente, não ficarão fixas em lugares pré-determinados, isto também será freqüente, mas haverá inúmeros desafios, enormes responsabilidades, experiências sofisticadíssimas, trabalhos muito avançados, que deverão exigir grande concentração de esforços, e novos problemas bastante complexos deverão surgir. Vejo isso de modo “construtivo”: haverá trabalho para todos, campos de trabalho mais adequados às vocações de cada um, sistemas de trabalho mais “amigáveis” e mais produtivos, sistemas de apoio bastante especializados, oportunidades para desenvolver diversas habilidades, e isto deverá realmente produzir uma nova era para a humanidade, que poderá ser mais “humana”, mais “humanizada”, dando um passo mais em sua trajetória evolutiva, o que quer dizer, a preservação da espécie.


Teoria Geral das Forças Produtivas 8

Nenhum comentário:

 RECADOS     

PARA OS AMIGOS, ANJOS DA GUARDA E LEITORES DO BLOG: 

21/10/08, 18:18 - AINDA PREPARANDO O CAPÍTULO 3 DE HISTÓRIA DA FALA

                        - RELENDO  Bakhtin, e as "NOVAS CONFERÊNCIAS INTRODUTÓRIAS", de Sigmund Freud

                        - PRIMEIRO ARTIGO DA SÉRIE SOBRE SEXUALIDADE FOI PUBLICADO !

                        - PREPARANDO 2º ARTIGO SOBRE SEXUALIDADE: 

A ESTÉTICA DA NOVA PORNOGRAFIA (texto não restritivo) - A questão estética da pornografia é uma "não-estética", uma anti-estética, mas há um projeto para isso, e uma função ideológica implícita, quer dizer, romper com a estética faz parte de um conjunto complexo de relações sociais.