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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A Teoria Geral das Forças Produtivas 6 - A criação do sujeito pelo diálogo

O ser-humano é filho da habilidade de representação nascida das primeiras linguagens, depois ressignificada pelos signos verbais, isto é, o desenvolvimento da fala e dos sistemas lingüísticos.


primeira revisão em 25.02.08

Como se teria acendido a chama evolutiva no Homem? Certa espécie de primatas destacou-se da comunidade animal e passou por uma série de transformações prodigiosas, o processo de humanização do “bicho” homem. E quais seriam os vestígios dessa história evolutiva? Como poderíamos saber o que se passou nesse longo período de formação do ser humano? O que poderia ser formulado a esse respeito e também poderia ser pelo menos parcialmente comprovado? Será que há hoje evidências vivas ou fósseis desse caminho das espécies, até agora percorrido apenas pelos humanos (pelo menos nessa forma do desenvolvimento da consciência) ?


Há atualmente na Amazônia uma espécie de macacos, um “macaquinho”, de pequeno porte - o macaco-prego (Cebus apella), de 60 cm de altura e 3 quilos de peso (*), que desenvolveu a habilidade de usar uma pedra para quebrar a casca de uma castanha de que se alimenta e gosta muito. Ele vasculha a selva até encontrar um “instrumento” adequado para sua “tarefa”. Segundo suas “necessidades básicas”, essa espécie aprendeu uma “técnica nova” e flexível. Não é o mesmo caso do joão-de-barro construindo seu ninho, mas algo que depende do aumento da habilidade manual e do equilíbrio na posição ereta, e também é produto da escolha, tanto do alimento quanto da ferramenta que emprega. Mais do que uma adaptação “natural”, este está sendo um genuíno aprendizado evolutivo, ou seja, o comportamento desses espécimes está mudando segundo novas formas culturais de seu grupo. Os primatas humanos certamente passaram por aí. Mas quais poderiam ter sido os passos seguintes?


Algo como o aperfeiçoamento dos instrumentos e a procura de novos instrumentos para novas tarefas, ao longo de milênios. Próximo passo, o desenvolvimento da habilidade para modificar essas ferramentas básicas. As pedras lascadas, as pedras polidas, até evoluir para a manufatura rudimentar, esculpindo ossos de animais e criando novos objetos, em que se incluem as primeiras vestes, peles de animais protegendo-os do rigor do clima. Nasce o trabalho humano e assim começam as experiências, talvez “estudando” o fogo, fazendo misturas, jogando tudo nas fogueiras e vendo o que resulta. Mas pulamos um passo, qual seria? Esquecemos de dizer como teria passado o primata para a condição humana.


Enquanto os primatas humanos usaram os instrumentos para tarefas “objetivas” , como o macaquinho da Amazônia hoje usa as pedras, houve um desenvolvimento da inteligência cerebral e várias mudanças ocorreram no passar dos milênios, mas isto não foi suficiente. Foi preciso surgir uma nova categoria de desenvolvimento, que fosse além dessa objetividade básica, para que nascesse o sujeito de sua história, o produtor de cultura, a subjetividade humana. Existe uma alteração simbólica que poderia responder por esse passo “gigantesco”, muito maior que o de Neil Armstrong, quando deu seu primeiro passo na superfície lunar.


Quando o trabalho humano deixou de apenas cuidar dos instrumentos voltados “para fora”, colhendo alimentos ou se defendendo do ataque de outras espécies, e usando-os nas brigas internas de seu grupo, e passou a fazer objetos de ornamentação e pinturas do corpo, eis o ponto de mutação. Para que a atividade dos primatas se voltasse “para si mesmos”, seria essencial que já houvesse uma subjetividade, certo grau de consciência, demarcando a identidade de cada um dos membros do grupo, através de um trabalho complementar à natureza. O que seria essa construção de objetos e essa ornamentação? A expressão de uma linguagem-protótipo. Mas, para haver linguagem, o que é preciso ocorrer? Os indivíduos precisam se posicionar como sujeitos e estabelecer trocas de significados e de valores, o material semiótico-ideológico, a interação social simbólica, a representação como instrumento da inteligência, e esta é a categoria que levou ao desenvolvimento da consciência e a um grau de grande complexidade cerebral, também através dos milênios, alterando a herança genética e o aparelho fonador, junto com todas as mudanças corporais que aconteceram, até se chegar no Homo sapiens sapiens. Este foi provavelmente o caminho histórico mais geral do surgimento do ser humano e da constituição dos primeiros sujeitos produtivos da cultura humana. Já se encontraram vestígios de objetos que teriam sido usados na ornamentação do corpo, que datam de 70 a 200 mil anos atrás (intervalo de incerteza que não significa muito tempo na gestação de uma espécie, proporcional talvez a apenas alguns anos de vida individual), essa é a datação mais remota até agora, e isto é citado apenas para se ter uma idéia, certa localização no tempo, ainda que precária. Essas informações estão sujeitas a confirmação, mas o importante é compreender o processo que foi descrito, pois parte dele opera ainda hoje nos processos produtivos.


(*) Ver revista da Fapesp a esse respeito:
http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=3226&bd=1&pg=1&lg=


Teoria Geral das Forças Produtivas 6

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