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terça-feira, 22 de janeiro de 2008

O show hoje é em Wall Street, a Broadway ficou em segundo plano.

Os Blogs do Azenha e de Ricardo Noblat dão contornos mais sólidos à gravidade da crise das bolsas: respectivamente, a intensa movimentação na área financeira de Nova York e as declarações de George Sóros. O Blog do Nassif procura explicar a crise.


O breve post no Blog do Noblat, anunciando "Bolsas asiáticas encerram a terça-feira com forte queda", parece uma ligeira chamada, mas sua leitura faz a crise das bolsas rugir como um pequeno artefato nuclear, prestes a ser detonado, tal é o teor das declarações de George Sóros. Deve-se modular as declarações do megainvestidor sem desqualificar seu alerta, mas medindo as capacidades de resposta do mercado. Este é o momento mais delicado, em que o quadro econômico pode encontrar saídas ou mergulhar de vez em grande recessão. Para Sóros, esta é a crise mais grave desde o fim da Segunda Guerra Mundial, mas obviamente deve-se considerar que os meios de controle são muito mais eficientes. A afirmação de Sóros, em Viena, segundo o artigo de Karen Strohecker (Reuters):

"Ele disse que nos últimos anos os políticos foram guiados por alguns mal-entendidos, como o que chamou de "fundamentalismo de mercado" (a crença de que os mercados financeiros atuariam como equilíbrio).

- É uma idéia errada, disse ele. Realmente temos uma séria crise financeira agora."


A página do Azenha publica um artigo do New York Times, de Landon Thomas Jr., texto contundente e de grande abrangência. As declarações de alguns especialistas fazem parecer inevitável uma grande crise, somando argumentos da tecnicidade da crise, toda ela "muito bem explicável", e largamente prevista. O artigo nova-iorquino termina fazendo um convite assustador ao cidadão comum, o "Joe Sixpack", sixpack é a embalagem de mão, com 6 de latinhas de cerveja: "abra uma cerveja e veja Wall Street pegar fogo". Porque depois, quem vai pagar a conta mesmo é o Joe.

O Blog do Nassif trata de modo bem objetivo as principais causas da crise, tentando mostrar que mais uma vez as autoridades brasileiras não estariam tomando as medidas mais acertadas, e talvez estejam apenas tentando amenizar os impactos da crise no Brasil, sem ir mais fundo na elaboração das medidas necessárias, talvez confiando demais na "blindagem" da economia brasileira, como se no mundo globalizado houvesse alguma...


Conclusões das leituras: Esta crise é reflexo dos rearranjos necessários à saturação de certas formas de rendimento financeiro, mais do que de ganho por produtividade, vigentes nos últimos anos na economia globalizada, efeitos em certa medida da ação política do governo Bush, considerando-se a relativa capacidade de reorientação da atividade econômica que detém o Estado, mesmo no país de liberalismo econômico mais arraigado. A reorientação se mostrou irresponsável. No caso de socorro ao sistema financeiro, contudo, somente o Estado pode intervir, e aí se vêem as enormes brechas anteriores, apontadas por George Sóros, na entrevista de Viena.

A crise chega gradativamente, pé ante pé, na medida da perda de sustentação econômica que o mercado avalia, no ritmo em que se alteram as conjunturas americanas, em que se incluem não apenas o novo quadro político-eleitoral, mas a série de fatores gerais resultantes da reorientação econômica citada. O complicado sistema de uma especulação apoiando a outra, sem ninguém saber direito onde está o lastro de todo esse "show". Bem, o show agora será a procura desse lastro.

O fato da crise ter-se iniciado no setor imobiliário dá o tom exato desse processo. Esse é o setor da economia real mais fortemente associado ao sentimento de estabilidade e de segurança, em tempos incertos. É a idéia de se recorrer à solidez de uma "wall street", ora fragilizada. Chocam-se na crise a imagem dos prédios imponentes à cotação imprecisa que projetavam, por força da "incerteza dos tempos". A questão é que os negócios imobiliários também estavam inflados por papéis garantidos pela ciranda alucinada dos ganhos especulativos. Nos EUA, contudo, isto é muito grave, pois é comum as famílias americanas terem boa parte de seus investimentos feitos em papéis de aplicações financeiras, e nisso freqüentemente hipotecando suas casas.

A guerra contra o terrorismo, os conflitos no Afeganistão e no Iraque, a crise no Oriente Médio caminhando para o barril nuclear paquistanês, as intensas mudanças no dia-a-dia dos americanos, desde os atentados de 11 de setembro, a ameaça de novos atentados nos EUA e em outros países, o retorno das atividades de controle e espionagem, a radicalização dos comportamentos políticos, todo esse processo iniciado sob as teses neoconservadoras do grupo republicano em torno de Bush (bem específico), chegou ao desgaste final. E também um modo de ganhar dinheiro, sem que se tenha estimulado suficientemente o setor produtivo, gerando várias bolhas econômicas.

O mercado deve avaliar agora como está o panorama da economia real, avaliar as perspectivas de investimento, os novos riscos, se há propostas alternativas, como fazer os ajustes necessários, o que está envolvido em cada uma dessas novas necessidades, quais os aspectos estruturais envolvidos, que novas orientação surgem nesse quadro totalmente novo. As candidaturas de Barack Obama e Hillary Clinton traduzem os vetores de ruptura com esses cenários, e tudo isso contribui para que haja mais incerteza, desta vez, porém, aliada ao necessário recálculo de todos os elementos da economia real.

É fundamentalmente um modo de capitalização e também de consumo que se esvai, de falta de intervenção do Estado como políticas públicas e não apenas como apoio e socorro aos grandes capitais. Os acordos e esquemas precários de alta especulação, a ciranda sem lastro e sem critérios mínimos, as distorções sociais e políticas causadas por esses quadros de condução radical do governo da superpotência americana, criaram pressões crescentes sobre o mercado, e acumuladas fizeram com que este não conseguisse mais assimilar os ganhos especulativos de modo tão repetitivo. E os tremores e temores se espalham pelo mundo.

Posts de 22.01, coment. 6 - Nassif, Azenha 3, Noblat 3

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