Continuamos a estudar o contexto da globalização econômica no século 21, analisando as novas formas de produção da subjetividade – e da cidadania nas culturas avançadas. É preciso ter em vista que “subjetividade” neste caso não se refere mais ao espaço interior dos indivíduos, apenas, já que a individualidade passa a ser concebida nos campos de interatividade social, mas se constrói a partir de seus posicionamentos, das suas próprias formas de “produção” em sentido amplo, seu trabalho e a formação de sua personalidade.
A vida tende a ser mais simples e mais plena de recursos, e muito mais organizada. Permanecem as divisões sociais, as classes mais abastadas e as menos abastadas, mas isto agora adquire um novo significado simbólico: é fruto da escolha pessoal e não de um esquema de dominação social. Essa situação “representa” uma opção por maior fruição material, em alguns casos; em outros, é resultado de uma atuação destacada em seu trabalho; pode ser também uma continuidade histórica familiar, a manutenção de um status familiar, mas, em todos esses casos, a diferença sócio-econômica não se faz mais às custas de relações sociais degradadas, mantidas por sistemas de alienação e de opressão. Pode-se ver algo parecido com isso nas culturas hindus. Centenas de milhões de pessoas na Índia não fazem uma escolha pela riqueza, mas pelo despojamento material, e vivem uma vida de meditação, alguns se tornam ascetas, mesmo com todo estímulo oficial feito para criar um comportamento mais formal nos mercados. O caso, entretanto, é que está na natureza humana que uma parcela grande da população, a sua parte majoritária, não queira assumir grandes compromissos com o enriquecimento pessoal e com o poder. Eles preferem conscientemente a vida mais simples. Este é um dado fundamental para a projeção das sociedades do futuro.
A plenitude de recursos nascerá do conhecimento e do saber. Uma família comum brasileira, terá ambições sobretudo para desenvolver seu estilo e seus talentos, mas não desejará prioritariamente ser rica e influente. Terá uma casa simples, mas funcional, com todas as necessidades básicas providas. Os salários poderão não ser grande coisa, mas seus membros terão acesso a clubes e escolas muito especiais, e a diversas confrarias e eventos. Além disso, terão o mundo digital instalado em sua casa, e isto abre um campo de possibilidades infinitas. Terá piscinas à sua disposição, exibição de filmes, transportes e bens culturais acessíveis, lembrem o artigo anterior, em que os preços deverão baixar muito neste século. Mas, e os ricos? Estes terão acesso a um outro nível de consumo, bem maior que o atual, não devem ficar preocupados. O essencial é perceber que não há mais qualquer espaço racional, legal ou de legitimidade para a pobreza, a miséria e os abusos, e isto se deverá também às novas pressões democráticas. A política será a área mais pressionada pelas mudanças estruturais da economia. Os direitos terão garantias muito mais fortes, como efeito da educação mais forte e da coesão maior da população. É a partir disso que os grupos políticos devem começar a preparar suas plataformas eleitorais e seus projetos de governo, para as próximas décadas. As políticas públicas deverão cuidar especialmente dos bairros populares, para que eles se desenvolvam totalmente e se reurbanizem de forma cada vez mais aperfeiçoada. Essas propostas é que comporão os principais vetores políticos do século 21.
Teoria Geral das Forças Produtivas 9