BLOG DE CIDADANIA - comentários sobre os principais blogs nacionais, pequenas análises e crônicas: Ciência, Cultura, Sociedade, Política, Economia, Religião e História. Divulgação Científica.


Citação de Bakhtin::

A VIDA COMEÇA QUANDO UMA FALA ENCONTRA A OUTRA

 

BLOG 

O LINK DOS BLOGS E PAGINAS MAIS CITADAS ESTÃO NA COLUNA AO LADO

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Cidades do Futuro 14 - Um futuro para São Paulo, segunda parte


AS MÚLTIPLAS VIAS, vista do Parque do Ibirapuera. São Paulo é tomada como objeto de ilustração, mas a discussão feita aqui se refere a todo o projeto de reurbanização ou construção de novas cidades.


Depois de mostrar mais algumas cartas no jogo, vamos retomar a discussão prévia de um plano para a reurbanização de São Paulo, que, relembrando, começou pela sugestão de se refazer todo o sistema hídrico da cidade, e fundamentou isso com a história urbana construída em torno das águas naturais, com as possibilidades de emancipação relativa dessa dependência e com a breve descrição do que poderia tomar o lugar dos sistemas hídricos atuais. Vejamos agora como é que outros sistemas se comportariam na São Paulo do futuro.


Já foi visto nos textos anteriores que a “razão geográfica” da maior metrópole mundial do hemisfério sul sofreria grandes transformações. Primeiro, o trabalho. As relações de localização das tarefas das empresas e os fatores de concentração dos pólos produtivos já não são os mesmos da era industrial ou da fase inicial da globalização. O mercado de trabalho apresenta alternativas em gestação de uma nova economia cada vez mais sofisticada, cujos terminais de serviços poderiam muito bem ser instalados nas residências das pessoas, em vários casos, desde que haja uma educação para as novas formas de trabalho. Com isso, não só a necessidade de fixar residência em determinada cidade, mas as necessidades de circulação dentro de qualquer cidade serão grandemente alteradas. Todo o ciclo migratório passará por um período de regularização, no país. Havendo oportunidades de trabalho em todas as regiões e localidades, as pressões sobre as metrópoles e centros regionais deverão decrescer acentuadamente. Um novo quadro de motivações deverá mobilizar as famílias a se fixarem nesta ou naquela cidade. É possível que, acompanhadas de políticas adequadas, a população das cidades mais densamente povoadas diminua, pelo menos durante um certo tempo, para que as obras de reurbanização possam ser feitas. Depois de instalados os novos sistemas urbanos, se a população voltar a crescer, já será dentro de um contexto perfeitamente controlável.


Esta etapa seria necessária para que se pudesse reorganizar todo o zoneamento da cidade e redesenhar todo o complexo das vias públicas, desde os calçamentos até sistemas intermediários, alternativos (para veículos alternativos de baixa velocidade, como bicicletas, charretes, veículos movidos a energia solar, pequenos carros elétricos, etc.) e vias expressas, para velocidades maiores, além de canteiros centrais para “bondinhos” e sistemas de trens urbanos. Mas já existe alguma coisa assim no mundo, para dizer que isso não é pura fantasia? Sim, Brasília, quer dizer, alguns trechos de Brasília têm algo parecido, a ser combinado com os sistemas locais (ruas de acesso às áreas residenciais) e intermediários (as novas vias propostas). As novas avenidas principais dos sistemas urbanos deveriam lembrar bastante as dimensões do que foi feito na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. No caso de uma cidade “comum”, sem ser a capital, não haveria o Congresso no canteiro central, entre as vias expressas, mas sistemas de “bondinhos” e trens urbanos circulando, e a calçada mais usada para o trabalho. Esta certamente passaria a ocupar também o centro das avenidas, o “sistema arterial” recebendo toda a movimentação das vilas, condomínios e bairros. Um sistema de passarelas e passagens subterrâneas faz a ligação entre o calçamento central e as calçadas laterais. Além das vias para os veículos urbanos tradicionais, entretanto, teríamos novas opções: um caminho para bicicletas, outro para veículos alternativos, e uma faixa do calçamento expandida para o pedestrianismo (caminhadas e corridas, um hábito cada vez mais difundido e com tendência a crescer no futuro).


Nas cidades americanas, especialmente nos subúrbios e cidades-satélite, há aquele sistema de separação entre as vias de acesso às residências e o sistema de ruas dos bairros e as avenidas da cidade, além do cruzamento com as “freeways-highways”. Todos sistemas integrados, mas independentes. O plano-piloto de Brasília em parte foi feito dessa mesma forma, embora as formas dos desenhos de cada “vila” ou condomínio possam ser definidas conforme a disposição de cada terreno. Na prática, o que se tem nesses casos são espécies de condomínios residenciais “públicos”. A cidade já é feita assim. Mas não há muros, apenas uma área mais reservada para as residências, não muito extensas, e estritamente residenciais. É muito semelhante ao esquema das superquadras, só que não tão programadas, nem idênticas no desenho. O comércio próximo fica já nas vias do bairro ou nas avenidas. As largas, amplas e complexas avenidas das cidades somente se aplicam a esse sistema central. Esta é uma estrutura essencial para se evitar o congestionamento futuro e o bloqueio das movimentações urbanas.


Faltou falar sobre as vias subterrâneas, as vias sistêmicas, de fácil acesso, como a “casa das máquinas” de um navio, por onde passam os diversos sistemas urbanos, o saneamento, a rede elétrica, as vias de comunicação por cabos, o sistema hídrico e outros que porventura haja. Não seria mais preciso ficar “abrindo buracos” para fazer a manutenção dessas redes. Fica para os próximos capítulos...


Projeto Cidades do Futuro 15

Nenhum comentário:

 RECADOS     

PARA OS AMIGOS, ANJOS DA GUARDA E LEITORES DO BLOG: 

21/10/08, 18:18 - AINDA PREPARANDO O CAPÍTULO 3 DE HISTÓRIA DA FALA

                        - RELENDO  Bakhtin, e as "NOVAS CONFERÊNCIAS INTRODUTÓRIAS", de Sigmund Freud

                        - PRIMEIRO ARTIGO DA SÉRIE SOBRE SEXUALIDADE FOI PUBLICADO !

                        - PREPARANDO 2º ARTIGO SOBRE SEXUALIDADE: 

A ESTÉTICA DA NOVA PORNOGRAFIA (texto não restritivo) - A questão estética da pornografia é uma "não-estética", uma anti-estética, mas há um projeto para isso, e uma função ideológica implícita, quer dizer, romper com a estética faz parte de um conjunto complexo de relações sociais.