SOBRE A CONSTRUÇÃO DAS PAISAGENS DO FUTURO
Para o Projeto Brasil
O FUTURO TERÁ DE SER CONSTRUÍDO À PARTE, NÃO VIRÁ ESPONTANEAMENTE
As paisagens urbanas futuristas da ficção científica fertilizam a imaginação e o anseio do cidadão contemporâneo, passageiro do futuro que se inicia, entretanto, esse novo tempo parece nunca chegar, e ser mais um "culto futurista", um modismo superficial cuidando apenas da renovação de estilo, em vez da arquitetura profunda de um mundo completamente novo. Por que isto ocorre?
Os atuais espaços urbanos formaram-se superpondo "camadas" de eras civilizatórias, fazendo conviver de modo quase acidental as várias épocas vividas. Na grande maioria das vezes, o novo chegou onde já estava o "velho", e os processos de demolição nunca conseguiram apagar os modos antigos nas cidades. Além disso, as incorporações de novas áreas nunca puderam ser instaladas como algo total e radicalmente novo, mas sempre assimilaram parte das concepções anteriores. Foi assim em Brasília, por exemplo, onde o inovador teve de se religar ao tradicional, para que a cidade passasse a fazer sentido para seus habitantes. Mas não se pode negar que a capital brasileira apresenta um conjunto urbano renovado, que avançou os padrões do que seria a atualidade pós-brasiliense.
Mas as novas cidades, essas cidades do futuro que habitam os sonhos dos visionários e aspirantes ao "completamente novo", essas não podem mais seguir o mesmo processo de criação urbana. Antes de tudo, é preciso verificar se os planos para o futuro permanecem apenas um sonho, ou se já existem bases realistas para a construção desse novo mundo. A questão é saber se, quando observamos os lugares onde vivemos, na vida prática que levamos, já se tornou bastante perceptível a disparidade existente entre as possibilidades dos modos de vida e as formas de viver efetivas, que se materializaram na sociedade. Se existem distâncias enormes entre as condições de vida em potencial e o concretizado, então se avizinham grandes mudanças, e o mundo não poderá mais continuar a ser como é.
A continuidade histórica dos espaços urbanos deverá se dar de outra maneira, no presente, pois, além desses processos históricos da arquitetura estarem igualmente em evolução, no estágio das culturas atuais os saltos qualitativos são enormes, e obedecem a lógicas de organização, funcionamento, associação e comunicação que não existiam antes. São mundos de princípios organizadores incompatíveis com o antigo, se seguidas as mesmas formas de substituição do velho pelo novo, como foi feito até agora.
Em suma, as cidades do futuro precisam ser construídas, em lugares especiais, escolhidos para tanto. E em cada um dos locais destinados, há um projeto diverso a ser constituído. Os projetos mais adequados ao futuro serão exatamente esses, que saibam respeitar as especificidades de cada espaço urbano, suas adjacências e relações ambientais, além de se integrarem a diversos níveis regionais e planetários.
Pretende-se, a partir deste texto inicial, lançar várias linhas de discussão sobre a matéria, a construção das cidades do futuro, a partir do projeto proposto.
Proposta para o Projeto Brasil 1 - As Cidades do Futuro
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